quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Poder solar


Super-heróis no Brasil nunca deram certo. Sempre funcionam mais como paródia, porque soa ridículo um cara com cueca pra fora da calça voando sobre São Paulo, por exemplo, embora em Nova York aceitemos isso como uma atividade corriqueira e perfeitamente normal. Infelizmente cada país merece a Liga da Justiça adequada ao seu perfil. A nossa, comandada pelo "Batman", está presa em Bangu I.

No mês de julho tive a grata surpresa de ler a HQ “Solar – Renascimento” do roteirista mineiro Wellington Srbek, que criou o personagem em 1994. Os desenhos da edição são de Rubens Lima e a editoração e o letreiramento ficaram por conta de Dênio Takahashi.

Esta HQ tem o intuito de reapresentar a origem do herói de forma mais contemporânea possível. A ação acontece na cidade de Belo Horizonte. O jovem Gabriel Ribeiro visita a Gruta da Água Funda e após tocar num desenho rupreste representando um Sol, tem um desmaio que mudará sua vida pra sempre.

Por se tratar de uma trama de origem a história mexe com o passado de Gabriel e sua mãe. É aí que reside o mistério para os seus poderes, na verdade poder, o poder de voar. A história tem uma boa fluência, mas poderia ser melhor se tivesse mais páginas.

Não que os autores não tivessem vontade, mas por se tratar de uma produção independente, existem os limites financeiros que impedem a produção de uma Graphic Novel, um formato justo para esta obra.

O que Solar tem de diferente dos outros heróis nacionais? Ele tem um pé calcado na realidade. É um cara comum como Peter Parker, mas que não precisa de um uniforme, ao menos por enquanto, porém precisa trabalhar para pagar as contas. Seus poderes são de origem mística indígena, o que liga o herói a cultura nacional, inclusive valorizando-a.

Os desenhos são bem feitos e lembram os traços de Joe Madureira e Ale Garza, porém sem os exageros anatômicos comuns aos trabalhos desses desenhistas. A produção do álbum também é cuidadosa, com capa em couchê, miolo em off set com boa gramatura e sem erros de português. A logomarca de Solar também é bonita apesar de lembrar a campanha contra o câncer de mama, tem tudo a ver com a proposta do herói.

O único senão fica para o final aberto, que deixa os leitores ansiosos para a próxima edição, que infelizmente não sabemos quando sairá. Mas o que me deixa mais perplexo é o fato de nenhuma editora se interessar em lançar Solar, mesmo que seja numa coletânea, já que todos os meses quilos de papel são desperdiçados com histórias ruins de super-heróis americanos, sem falso ufanismo. Solar tem capacidade para voar mais alto, basta o impulso necessário.

Solar: Renascimento – Preço: R$ 5,00 – Roteiro e edição: Wellington Srbek – Desenhos e Arte-Final: Rubens Lima – Letras e Editoração Eletrônica: Dênio Takahashi – Para adquirir basta enviar um e-mail para wellingtonsrbek@ig.com.br.

sábado, 13 de junho de 2009

Quadrinhos Teen.

A notícia de destaque deste início de mês foi a adaptação dos quadrinhos da Luluzinha pela Editora Pixel, pertencente ao grupo Ediouro. Baseados no sucesso da revista Turma da Mônica Jovem, produzida pelos Estúdios Maurício de Souza e comercializada pela Panini Comics, que transforma a turminha da Rua do Limoeiro em adolescentes desenhados no estilo mangá, a Ediouro decidiu fazer o mesmo e amadurecer os personagens da turma da Lulu. Bolinha está magro, Lulu perdeu seus caxinhos e Alvinho é um skatista massa véio.

Sem querer entrar no mérito de discutir a qualidade da publicação, até porque não li nenhuma das duas séries, apenas vou imaginar se a moda pega e outros personagens acabem sofrendo as mesmas adaptações.

Mafalda Teen - Mafalda agora é uma adolescente que defende os valores argentinos, dança tango, faz panelaço e acha que Maradona é melhor que Pelé.

Calvin e Haroldo Feroz - Calvin é um adolescente revoltado que tem sempre a companhia do seu pitbull Haroldo. Todas as frustrações que ele sofreu na infância ao ter sua imaginação fértil podada e desacreditada, estão expostas nas suas quarenta tatuagens e nos seus trinta e dois piercings.

Crazy Boy - O Menino Maluquinho cresceu, abandonou a panela da cabeça e agora usa um capacete que combina com sua moto tunada. Louco por pegas de moto nas rodovias, fica doido quando alguém o desafia para um racha. No final das aventuras sempre sofre uma fratura em alguma parte do corpo. Sua meta é entrar para o Guiness Book.

Hugão, Zezão e Luizão - Após a morte do Tio Patinhas, os três sobrinhos do Pato Donald, ficaram responsáveis em proteger a fortuna do velho pato. Equipados com as tecnologias mais modernas, eles vigiam dia e noite a caixa-forte do Patinhas, contra inimigos malignos e malévolos. Eles são barra-pesada, eles tem pegada e estão de olho nos bandidos.

Riquinho Teen - As melhores baladas, os melhores celulares, as viagens mais disputadas e o mundo das clebridades. Todos os meses Riquinho Teen mostrará pra você tudo que o dinheiro pode comprar em lugares como Mônaco, Bahamas e Ilhas Caimãn. Afinal, nunca é cedo demais para visitar paraísos fiscais.

Imagens: Google.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

De quem é a culpa afinal?

No seu livro "Desvendando os Quadrinhos" (M. Books, 2005) Scott McCloud define histórias em quadrinhos como: imagens pictóricas e outras justapostas em sequência deliberada destinadas a transmitir informações e/ou produzir uma resposta ao espectador. Em nenhum momento foi dito que os quadrinhos são a melhor forma de alfabetizar uma criança ou que revistas em quadrinhos são destinadas apenas ao público infanto-juvenil.


Para pessoas como eu que leêm quadrinhos a décadas, é notório que existem quadrinhos para todos os tipos de gostos, infantis, juvenis, adultos, políticos, biografias, humorísticos, eróticos, didáticos, enfim, uma miríade de opções.

Entretanto algumas pessoas ainda acham que por se tratar de histórias em quadrinhos, os mesmos devem ser recomendados para crianças.

Foi o que fez o responsável por identificar e indicar livros para o projeto do governo que prevê a compra de livros para auxiliar na alfabetização de alunos do ensino fundamental. Ele avaliou o livro "Dez na Área, Um na Banheira e Nenhum no Gol.", como sendo benéfico para os alunos do sexo masculino da 3ª série do ensino fundamental, que tem em sua maioria 9 anos de idade, pois tem como tema principal o futebol.

Ele só se esqueceu de verificar o conteúdo com um critério maior, pois das 11 histórias que compõem o álbum, três apresentam conteúdo inadequado para crianças nessa faixa etária.

A culpa é da editora, dos criadores, das histórias em quadrinhos ou da Secretaria de Educação? De nenhum deles. Apenas houve um erro de avaliação por parte do responsável pela seleção dos livros. O problema inclusive já foi solucionado e o Secretário da Educação do Estado de São Paulo, Paulo Renato de Souza, disse em entrevista ao Programa Boa Tarde da Band, que nenhum aluno chegou a ter contato com o livro.

Ao invés de perderem mais tempo com esse assunto que para mim não tem importância nenhuma, porque é que pais, órgãos de imprensa, professores e autoridades, esqueçam esse assunto e lembrem de melhorar a qualidade de ensino, treinar melhor os professores, contratar melhor os professores, impedir que a violência entre na escolam, enfim, que trabalhem em prol da educação.

O Governador José Serra inclusive cometeu um equívoco ao dizer em entrevista que o álbum era de extremo mau gosto, desconsiderando o trabalho de artistas renomados no mercado como Caco Galhardo, Spacca, Allan Sieber, Fábio Moon e Gabriel Bá. Se a questão era justificar um erro da sua administração, que procurasse primeiro apurar os fatos e não simplesmente jogar a culpa na obra em questão, que serve sim para muitas pessoas e talvez até poderia ser remanejado para alunos do Ensino Médio.

Em alguns casos específicos, existem crianças que acham o palavreado recheado de palavrões das três histórias em questão, leves demais, pois todos os dias vêem coisas muito piores na comunidade onde vivem. Esse tipo de realidade os governantes costumam evitar. É mais fácil falar mal da HQ.

Imagens: Google.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Geração X na Globo

Se você está a toa e gosta de quadrinhos como eu, precisa assistir a uma pérola que será exibida na Sessão da Tarde de hoje. O filme em questão foi um tentativa (infeliz) de se fazer um piloto para TV de uma séria com os mutantes adolescentes da Marvel chamada Geração X. Esta série mostrava uma escola de mutantes comandada pela ex-inimiga dos X-Men Rainha Branca e pelo amigo Banshee, uma telepata e um emissor de vibrações sonoras. Na década de 90 os mutantes da Marvel dominavam a venda de HQ's, porém não conseguiam emplacar o sucesso em outras mídias, apesar de projetos não faltarem.

Então, buscaram a HQ mais palatável ao público Massavéio (que na época acho que era Muitoloco) e mostraram como não deveria se fazer um filme ou telessérie. Aí a Marvel recomeçou seus filmes com Blade em 1998 e fizeram X-Men em 2000 com Bryan Singer, o resto é história.


Serviço: Geração X - Direção: Jack Sholder (quem?) - Elenco: Matt Frewer, Finola Hughes, Suzanne Davis, Amarilis, Heather Mccomb, Jeremy Ratchford (quem é essa galera?). Hoje na Sessão da Tarde á partir das 15h55.


Fonte: Rede Globo.

Watchmen Capítulo 3 – “O Juiz de Toda Terra”

O capítulo que mostra o auto-exílio do Dr. Manhattan, felizmente ou infelizmente me força a ser repetitivo, pois é uma nova obra-prima da dupla Moore e Gibbons. E digo da dupla porque muitos endeusam tanto Moore, e eu sou um deles, que acabamos nos esquecendo da grande contribuição de Dave Gibbons para Watchmen. Isto fica claro quando vemos a primeira página deste capítulo e nos atentamos aos detalhes do quarto quadro, que toma dois terços da página e mostra um jornaleiro conversando com um cliente. Ao fundo da cena em segundo plano, vemos um servente, provavelmente da prefeitura de Nova York, colocando um aviso de abrigo nuclear na parede. A quantidade de detalhes é imensa, bem como mostra expressões excelentes das personagens.

Estes dois coadjuvantes são importantes porque através deles é que conhecemos a narrativa paralela que acompanha boa parte da HQ e insere a metalinguagem na revista. É a HQ dentro da HQ, que serve como contraponto à narrativa principal. O mais interessante é que o cliente da banca, um garoto que fica sentado no chão apoiado sobre um carregador de baterias de carro ao lado da banca, é que nos leva a conhecer a HQ “Os Contos do Cargueiro Negro” através da sua leitura das páginas do gibi. È a representação do fanboy mediano e do jornaleiro rabugento.

Todas as vezes nas quais aparece, “Os Contos do Cargueiro Negro” faz a conexão narrativa com as situações apresentadas na HQ. Mas não só o cargueiro. Como disse anteriormente, o texto e o desenho se conectam muitas vezes em situações antagônicas ou completamente desconexas.

O maior exemplo desta edição, ocorre quando Laurie Juspeczyk, abandona o Dr, Manhattan na base militar e vai para a casa de Dan Dreiberg. Enquanto o Dr. Manhattan se apronta para ir a um programa de auditório tipo Programa do Jô, Laurie conta para Dan o ocorrido e as frases e imagens se conectam. Quando Laurie diz “...peço para entender por que é que ficou tão emaranhado.” Quando se refere a não entender as coisas que aconteceram a ela, a cena mostra o Dr. Manhattan dando nó em sua gravata.

Após ser interrogado durante o programa no qual compareceu, se tinha causado câncer em seus inimigos, amigos e aliados, o Dr. Manhattan perde o controle, teleporta todas as pessoas para fora do estúdio e decide ir para Marte, passando antes numa base militar e pegando uma foto. A arma estratégica dos EUA foi embora, o que será do mundo depois disso?

Temos no final, a última parte do livro fictício Sob o Capuz, escrito pelo aventureiro mascarado aposentado, Hollis Mason, vulgo Coruja. Neste capítulo ele conta o ocaso dos super-heróis da sua geração e a ascensão dos novos combatentes do crime.

Trecho marcante desta edição: Um arauto do apocalipse, tipo homem-sanduíche, faz uma piada com o jornaleiro, típica daquelas que vimos Renato Aragão fazer nos Trapalhões durante toda a década de 70. Se você não conhece os Trapalhões, acesse o Youtube e procure, lá tem diversos clipes dos quatro humoristas. Se você é como eu e cresceu vendo Didi e Cia. reveja e seja feliz.

Fonte: Watchmen Edição Definitiva - Editora Panini Comics.Imagens: Google.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

100ª postagem: A Liga Extraordinária


Quem diria! Cheguei a 100ª postagem. Para quem não sabe ainda o que fazer da vida como eu, pelo menos alguma coisa estou fazendo. Agora eu não desistirei mais.

Para coroar esta marca pessoal, recebi hoje no meu e-mail o boletim semanal de lançamentos da Panini Comics como de costume e qual não foi a minha surpresa quando anunciaram o lançamento da Edição Definitiva da Liga Extraordinária, escrita pelo genial Alan Moore e desenhado pelo não menos talentoso Kevin O'Neill.

Esta notícia para mim equivale a um presente de aniversário antecipado, pois mesmo tendo a edição encaderanda da Devir, uma edição definitiva é sempre especial porque geralmente tem um tamanho maior que o normal, acabamento luxuoso e conteúdo extra. Tudo isso obviamente implica num custo maior, que vale muito a pena.

Pra quem não conhece a obra, tata-se da investigação sobre um terrorista que atua no submundo chinês da Londres do final do século XIX, investigado por nada mais nada menos que Mina Murray, Allan Quarteiman, Dr. Henry Jekill, Sr. Edward Hyde, Capitão Nemo e Hawley Griffin. Se você ainda não reconheceu as personagens citadas eu ajudo, Mina Murray é remanescente do romance Drácula (1897) de Bram Stocker, Allan Quarteiman foi criado por Sir Henry Rider Haggard para o livro As Minas do Rei Salomão (1885), Dr. Jekill e Mr. Hyde são protagonistas de O Médico e o Monstro (1886) de Robert Louis Stevenson, Capitão Nemo comanda o Náutilus em 20.000 Léguas Submarinas (1870) de Júlio Verne e por fim Hawley Griffin é o amoral e imoral homem sem sombra de O Homem Invisível (1897) escrito por H. G. Wells.

Alan Moore percebeu que os romances são todos contemporâneos e imaginou as personagens vivendo no mesmo universo e se unindo contra um mal maior que eles, emulando os grupos de super-heróis como Liga da Justiça, Vingadores e X-Men, embora a comparação pare por aí, pois a obra de Moore tem aquela profundidade que todos nós conhecemos, já que em 95% do trabalho do inglês, nada é gratuito, tudo tem um refinamento criativo, difícil de ver na maioria dos quadrinhos.

Moore ainda continuou a lançar outras edições da saga dos extraordinários cavaleiros (o título original é The League of Extraordinary Gentleman). Um volume dois foi lançado, dando prosseguimento ao gancho deixado no final do volume um, e assim como o volume um o dois também foi lançado aqui no Brasil pela Devir. Infelizmente não consegui comprar a tempo e este volume é dificílimo de se encontrar. Também foi lançado um outro volume chamado The Black Dossier, que na verdade serve como ligação entre o segundo e o terceiro volume, que acaba de sair nos Estados Unidos e será dividido em três partes.

Vamos torcer para que a Panini lance todos os volumes, porque esta obra não pode e não deve ficar sem continuação aqui no Brasil, por dois motivos: o primeiro, porque eu sou louco pelas HQ's do inglês e quero ler de qualquer jeito e segundo para não seguir a tradição de tantas outras HQ's seminais que não são publicadas no idioma de Camões.

Só um lembrete muito importante, se você assistiu aquele refugo chamado de filme baseado na Liga Extraordinária, PELO AMOR DE DEUS ESQUEÇA!!! Aquela coisa não tem nada a ver com a HQ, é apenas lixo, enquanto a HQ, mesmo que fosse publicada em papel higiênico, é um luxo.

Fonte: Direto da Redação nº 80, boletim semanal informativo da Editora Panini Comics.

Invasão Secreta #2

Ontem li a segunda parte da minissérie em oito partes escrita por Brian Michael Bendis e confesso que fiquei um pouco decepcionado porque o ritmo caiu em relação a primeira edição que foi muito movimentada.

Nesta edição temos apenas o confronto entre as duas equipes de Vingadores que estavam na Terra e a equipe de Vingadores dos anos 80, a qual imaginávamos que traria alguma surpresa. Mas ficou naquilo que todos imaginavam, a maioria era skrull, mas nem todos. Não imagine que algum figurão da Marvel era um skrull infiltrado, como na maioria das vezes, as mudanças sempre acontecem no segundo ou terceiro escalão de heróis.

No final da primeira históira desta edição uma armada skrull desembarca no meio de Nova York.

Eu não gosto muito dos desenhos do Leinil Francis Yu, pois são muito irregulares, não na anatomia, mas no estilo. Parece que ele vive procurando o seu estilo sempre. Além disso a narrativa estava um pouco bagunçada.

Além disso, para ajudar os leitores a Panini encerrou a edição com três histórias curtas, com histórias paralelas aos eventos principais mostrados na primeira história. Sinceramente, isso só ajudou a bagunçar a cabeça de quem não acompanha as outras séries da Panini. Se for uma maneira de gerar interesse de leitores que não acompanham outras séries ligadas ao evento, não funcionou porque não houve nenhuma menção a isso. Pra mim, foi só uma maneira de inflar a revista e cobrar um preço maior por ela. Se tivessem lançado duas edições da série principal como fizeram por exemplo em Dinastia M, seria mais interessante.

Invasão Secreta - nº 2 de 8 - R$ 6,50 - 52 páginas - Escrito por Brian Michael Bendis - Desenhado por Leinil Francis Yu - Arte-Finalizado por Mark Morales - Colorido por Laura Martin - Editado Originalmente por Tom Brevoort e Joe Quesada - Traduzido por Jotapê Martins - Letreirado por Marcos Valério - Editado no Brasil por Fernando Lopes.

Imagens: Google.
Fonte: Eu li a bagaça.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Watchmen Capítulo 2 – “Amigos Ausentes”

Este é o capítulo que narra o enterro do Comediante, morto na edição anterior. Novamente um show de narrativa. Enquanto o comediante é enterrado, o passado é desenterrado por aqueles que conviveram com o politicamente incorreto Eddie Blake. Sally Júpiter, que está numa casa de repouso para idosos na Califórnia, recebe a visita de sua filha Laurie. Olhando algumas fotos e objetos antigos ela relembra o momento no qual foi agredida e quase violentada pelo Comediante em 1940.

No enterro Adrian Veidt, o Ozymandias, relembra sua participação numa reunião de super-heróis totalmente ridicularizada pelo Comediante. Jon Osterman, o Dr. Manhattan, lembra do assassinato cometido por Eddie Blake durante sua passagem na Guerra do Vietnã. Por fim, Daniel Dreinberg, se recorda dos confrontos com a população, durante a greve de policiais na década de 70. Todos têm alguma lembrança do Comediante e nenhuma delas é boa. Porém, todos têm certeza de que sua visão aparentemente distorcida do mundo pode ser a visão correta.

Para finalizar os flashback’s, Rorschach invade a casa de um antigo vilão chamado Moloch, o qual recebeu a visita do Comediante uma semana antes de sua morte. Para Moloch, o Comediante parecia dizer coisas sem sentido e frases desconexas e aí reside o grande charme desta obra. O antagonismo de algumas situações e a sua perfeita conexão.

È recorrente durante a leitura da HQ, nos depararmos com diversas cenas, que diferem do texto inserido nos recordatórios e balões. Quando Sally Júpiter pergunta para a filha se está fazendo sol em Nova York, ela responde que sim, porém o desenho mostra uma chuva torrencial durante o enterro.

O Comediante é amoral, irresponsável, corrupto e mal, porém é o único além do Dr. Manhattan, que enxerga o que pode ocorrer no futuro e isso sem ter superpoderes.

No final deste capítulo, mais um trecho do fictício livro auto-biográfico de Hollis Mason, o primeiro Coruja, contando como foram suas primeiras atuações como super-herói e os encontros com outros heróis, que não eram assim tão maravilhosos como pareciam.

Trecho marcante desta edição: O Comediante incendeia um mapa de combate ao crime feito pelo Capitão Metrópolis durante a tentativa de reunir os novos heróis na década de 70 e dispara: “Acham mesmo que isso tem importância? Acham que resolve alguma coisa? Resolve porra nenhuma. Vou mostrar porque não resolve. Não resolve porque, dentro de trinta anos, vai ter ogiva nuclear voando feito marimbondo e então o Ozzy aqui vai ser o cara mais esperto das cinzas. Agora, com licença. Tenho mais o que fazer.”

Fonte: Watchmen Edição Definitiva - Editora Panini Comics.
Imagens: Google.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Indestrutível.


Quando falamos em filmes de super-heróis, sempre nos lembramos daqueles que adaptam histórias extraídas diretamente dos quadrinhos, a sopa primordial de onde surgiram estes estranhos seres que usam a cueca por fora da calça. Porém, um filme lançado em 2000 pelo cineasta sensação daquela época, M. Night Shaymalan, diretor do sucesso Sexto Sentido, filme que resgatou a carreira do ex-astro de ação Bruce Willis, é uma das maiores homenagens feitas ao gênero.

Uma mulher dá à luz ao seu filho numa loja de departamentos e aguarda a chegada da ambulância. Quando o médico chega para verificar as condições de saúde da mãe e da criança, deixa todos chocados ao informá-los que o bebê estava com os braços e pernas quebrados. Um segurança do estádio da universidade da Filadélfia com o casamento em crise, viaja para Nova York procurando um novo emprego que o livrará do casamento sufocante. Na volta o trem no qual viajava, sofre um terrível acidente. Todos os passageiros morrem. Milagrosamente o segurança sai do acidente sem nenhum arranhão.

Assim começa o filme Unbreakable, batizado no Brasil como Corpo Fechado, numa tentativa de emular o título do sucesso anterior de Shaymalan, O Sexto Sentido. Não é um filme muito fácil de ser digerido pelo público que não está habituado com o status quo dos super-heróis, bem como com o perfil do fã de quadrinhos. Mas pra quem gosta do universo dos superseres o filme é um deleite.

O nascimento de Elijah Price, o bebê dos membros quebrados, acontece em 1961, ano no qual foi lançada a revista do Quarteto Fantástico e marco inicial da Marvel Comics, a maior editora de quadrinhos de super-heróis do mundo, criadora de personagens como Homem-Aranha, X-Men, Capitão América, Homem de Ferro, Hulk, Thor, entre outros.

Ainda na infância, Price (interpretado com a competência de sempre por Samuel L. Jackson) recebe o apelido de “Mr. Glass” ou “Sr. Vidro”, devido a sua delicada condição de fraqueza nos ossos. Este será seu codinome de vilão.

O nome do herói é David Dunn (interpretado por Bruce Willis, trabalhando pela segunda vez de forma consecutiva com o diretor), ou seja, segue a tradição iniciada por Jerry Siegel no Superman, com os coadjuvantes Lois Lane, Lana Lang e Lex Luthor e continuada com Stan Lee na Marvel, com Peter Parker, Bruce Banner e Reed Richards.

Quando trabalha como segurança, David Dunn usa um uniforme azul e um boné vermelho, além disso, ele usa uma capa, uma capa de chuva. De qualquer forma é uma capa.

O primeiro gibi que Elijah Price ganha é um exemplar de Active Comics, com a logomarca
estilizada na logotipia da revista Action Comics, onde surgiu o Superman.

Elijah Price tem uma loja especializada chamada Edição Limitada e numa cena memorável encarna o Fanboy primordial ao tentar provar para um inocente pai que quer de presente ao filho de cinco anos uma página original de uma HQ desenhada a lápis, que aquele simples desenho não é um brinquedo, é arte. Típico comportamento de todos os leitores de quadrinhos.

O herói não é indestrutível como o título do filme sugere. Assim como todo super-herói que se preze ele tem uma fraqueza, a água. Se entrar numa piscina ele se afoga, se beber água muito rápido engasga. Aí está a justificativa para a capa de chuva onipresente.

David Dunn é o estereótipo do loser, um promissor astro de futebol americano que vira segurança e que passa por uma crise no casamento. Só uma pessoa tem confiança no pai, seu filho de oito anos, uma homenagem aos sidekicks, ou ajudantes de heróis, como Robin, Kid Flash, Bucky Barnes, etc.

No final o herói e o vilão se encontram e se revelam um para o outro, ou seja, a equação da existência do super-herói se completa, sempre existirá um vilão para o herói e vice-versa.

A maioria das pessoas pode ter achado o filme uma verdadeira porcaria, mas todo fã de quadrinhos que se preza, comprou uma cópia do DVD e guarda na sua estante junto a todas as famosas e milionárias adaptações de Superman, Batman, X-Men e Homem-Aranha.

Ficha Técnica: Unbreakable (2000) Direção e Roteiro: M. Night Shyamalan – Elenco: Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Robin Wright Penn, Spencer Treat Clark e Charlayne Woodard.

Imagens: Google.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Achou que ia saber o final de Preacher? Dançou!


A pior notícia do dia: a Ediouro anunciou oficialmente que rompeu o contrato de exclusividade que mantinha com a DC Comics para lançamento no Brasil dos selos Vertigo, Wildstorm e ABC (e o furo novamente foi do competentíssimo jornalista especializado em HQ’s Sidney Gusman, editor do UHQ).

A Ediouro anunciou que a Pixel continuará funcionando como um selo para lançamento de quadrinhos pela editora. Eu pergunto: pra quê? Até agora a editora carioca, que lança palavras cruzadas muito legais, mostrou total desconhecimento do mercado de HQ’s e fez como a Honda na Fórmula 1, botou a culpa na crise. Ora, a crise começou em outubro, mas as baixas vendas eram anteriores a este período e a editora não fez nada para que a situação mudasse.

Para mim, alguns motivos fundamentais foram responsáveis pela queda nas vendas:

1) A distribuição totalmente caótica das revistas, tanto em bancas, como em livrarias.

2) A precificação incorreta de algumas séries. Meu amigo, o leitor já estava habituado a pagar na época R$ 6,90 por 100 páginas impressas em Pisa Brite pela Panini, o que justificou lançar as mesmas 100 páginas em papel couchê por R$ 9,90. Que as séries eram adultas? O que dizer de Marvel Max então? Além disso, deveriam ficar no mínimo três meses com um preço promocional na capa, porque era um produto novo e precisava de uma estratégia de penetração no mercado.

3) O lançamento de encadernados dos encalhes, logo após o lançamento das revistas. Será que ninguém avisou a eles que moramos num país de terceiro mundo? Porque o cara vai comprar duas revistas de R$ 8,90, gastando R$ 17,80 no total, se dois meses depois poderá comprar um encadernado idêntico por R$ 17,90? E o gênio ainda pensou: “Vamos colocar R$ 0,10 mais caro, porque aí na próxima vez ele compra a minissérie, porque estará mais barata.” Ora, vai catar coquinho!

Eu tenho a impressão que a Ediouro comprou a Pixel com o único intuito de tirá-la do mercado ou foi redondamente enganada e achou que venderia milhões de exemplares de revistas.

Não é preciso ser nenhum gênio para saber que as revistas da linha Vertigo não conseguem manter nenhuma editora apenas com vendas de revistas. Quem se lembra da trajetória da Vertigo no Brasil sabe que a Editora Abril, lançou algumas séries, mas desistiu pois não eram lucrativas, mesmo lançando os principais títulos do selo. A Metal Pesado/TEQ/Atitude e a Brainstore quebraram lançando apenas Vertigo e a Panini, lançou apenas aquilo que achava que venderia, ou seja, salvo engano dois títulos, WE3 que vendeu bem e EX-Machina que vendeu mal. A única editora que obteve sucesso no lançamento das séries da Vertigo e outras mais foi a Devir, lançando encadernados, com preços compatíveis com a tiragem e mesmo assim, muitos álbuns tidos como sucesso, os títulos de Alan Moore por exemplo, ainda são encontrados com facilidade em lojas especializadas, bem como em virtuais, ou seja, não vendem horrores.

Rogo a Deus para que a Devir retome algumas séries, apesar de ter o planejamento afetado pela passagem de algumas séries pela Pixel.

Minha tristeza é não poder ver concluída em álbuns de luxo a série do Monstro do Pântano, não saber até hoje o final de Preacher e ter confiado mais uma vez numa editora que prometeu mundos e fundos e só nos deixou com os fundos.

Fonte: Blog Universo HQ.
Imagens: Google.

sábado, 25 de abril de 2009

Watchmen Capítulo 1 – “À Meia-Noite Todos os Agentes…”

Ontem recebi em casa a edição definitiva da obra prima sobre super-heróis de Alan Moore e Dave Gibbons, Watchmen. Esta deve ser a centésima tentativa de resenhar esta obra também definitiva sobre o gênero, tanto para o bem e quanto para o mal. Para o bem porque juntamente com o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, mostrou aos editores, escritores e desenhistas que os quadrinhos podiam alcançar outros níveis e para o mal porque depois destas duas obras, que venderam horrores e geraram mídia espontânea como nunca tinha se visto desde a criação de Superman e Batman, os executivos encomendaram aos editores que criassem clones deformados dessas histórias com heróis violentos e superficiais que quase afundaram a indústria na década seguinte, tanto é que desde 2000, o próprio Alan Moore produziu histórias que resgatam o charme e a essência dos personagens heróicos.

Apesar de não ter assistido o filme dirigido por Zach Snyder, acho Watchmen cinema puro, por causa de seus ângulos inusitados, sua narrativa sem pressa e simetria ímpar. Logo no começo temos uma narrativa em primeira pessoa extraída do Diário de Rorschach, o personagem que para mim representa o mundo maniqueísta dos super-heróis sempre tão preto e branco até então, mesmo que de forma distorcida e fascista. Seria como se Superman e Batman mantivessem até hoje suas características de justiceiros dos primeiros anos, sendo juiz, júri e executor, sem ter suas personalidades lapidadas durante sete décadas de existência.

Estamos em 1985 e Rorschach nos apresenta todos os personagens principais, investigando o assassinato do Comediante, um dos seus antigos colegas de profissão e um dos poucos que ainda atuavam de forma legal, após a aprovação da Lei Kenee em 1977, ele visita seus ex-colegas e os alerta sobre um suposto matador de mascarados.

Assim ficamos conhecendo, Edward Blake, o Comediante, Hollis Mason, o primeiro Coruja, Daniel Dreiberg, o segundo Coruja, Adrian Veidt, Ozymandias, Jon Osterman, Doutor Manhattan e Laurie Juspeczyk, a segunda espectral, a primeira é sua mãe, Sally Júpiter que será apresentada no momento oportuno.

E com Rorschach e sua visão extremista de justiça que conhecemos o falecido Edward Blake e sua vida secreta como Comediante, um Daniel Dreiberg aposentado, cabisbaixo e frustrado, um Adrian Veidt milionário e aparentemente alheio ao mundo exterior, o impressionante Dr. Manhattan com seu corpo azul e nu e sua namorada Laurie Juspeczyk, nervosa, inquieta e fumando um cigarro atrás do outro.

O primeiro quadro da primeira página deste capítulo, começa com a imagem de um bottom smile (aquele amarelo com um sorriso) próxima a um bueiro em torno de uma poça de sangue, depois um a um os outros quadros vão ampliando a visão da cena. Primeiro vemos mais um pouco da calçada, depois um homem lavando a calçada até chegar no último quadro onde um homem está olhando do alto da janela quebrada de um edifício.

O primeiro quadro da última página começa com um close sobre as mãos de Laurie Juspeczyk e Daniel Dreinberg segurando um botton smile. Da mesma forma que na primeira página, a imagem vai se ampliando aos poucos e no último quadro temos uma visão panorâmica de vários terraços de edifícios. E essa é apenas uma das simetrias ou sincronias desta fantástica HQ.

A cereja do bolo fica para o final, quando temos uma amostra grátis dos dois capítulos da biografia de Hollis Mason, o primeiro Coruja, intitulada Sob o Capuz. Totalmente em prosa e com ilustrações imitando registros fotográficos, conhecemos um pouco mais do passado do aposentado Hollis Mason e como ele começou a usar a cueca por cima da calça.

Diálogo marcante desta edição: Após invadir a casa de Daniel Dreiberg, o primeiro coruja, Rorschach pega uma lata de feijão na geladeira e fica comendo-a tranquilamente até que Dreinberg chega e no meio da conversa acha o Smile com uma mancha vermelha e pergunta: - Esta manchinha é caldo de feijão ou...? Rorschach responde: - Isso mesmo. Caldo de feijão humano. Hah, hah. O distintivo era do comediante. O sangue também.


Fonte: Watchmen Edição Definitiva - Editora Panini Comics.
Imagens: Google.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Invasão Secreta #1.













































O que você diria se descobrisse que seu vizinho, o qual você conhece por mais de 20 anos é um alienígena disfarçado e só estava esperando o momento certo para juntar-se aos seus e invadir a Terra? Esta é a premissa do mais novo evento da Marvel Comics que foi a grande sensação de 2008 na terra de Obama. Aqui na terra do Lula, a série está começando este mês. Os Skrulls, alienígenas transmorfos, estão infiltrados entre os humanos aparentemente há décadas e só agora foram descobertos porque os Vingadores mataram a ninja Elektra, que logo após morrer, retornou a sua forma Skrull original.

Estava distante dos quadrinhos de super-heróis desde o começo de 2008 e desde aquela época só compro quadrinhos esporadicamente. Decidi verificar esta saga, pois não é necessário comprar quatrocentas revistas para acompanhá-la.

A primeira edição é interessante e mantém o clima pesado de sua antecessora, a Guerra Civil. Os heróis que já não confiavam uns nos outros, estão mais cabreros do que nunca, não sabendo se estão conversando com um amigo ou com um Skrull disfarçado. Além disso, uma nave Skrull aterrissa na Terra Selvagem e sua tripulação não é exatamente o que os heróis esperavam.

Imagens: Google.

Nota 7.