quarta-feira, 29 de abril de 2009

Indestrutível.


Quando falamos em filmes de super-heróis, sempre nos lembramos daqueles que adaptam histórias extraídas diretamente dos quadrinhos, a sopa primordial de onde surgiram estes estranhos seres que usam a cueca por fora da calça. Porém, um filme lançado em 2000 pelo cineasta sensação daquela época, M. Night Shaymalan, diretor do sucesso Sexto Sentido, filme que resgatou a carreira do ex-astro de ação Bruce Willis, é uma das maiores homenagens feitas ao gênero.

Uma mulher dá à luz ao seu filho numa loja de departamentos e aguarda a chegada da ambulância. Quando o médico chega para verificar as condições de saúde da mãe e da criança, deixa todos chocados ao informá-los que o bebê estava com os braços e pernas quebrados. Um segurança do estádio da universidade da Filadélfia com o casamento em crise, viaja para Nova York procurando um novo emprego que o livrará do casamento sufocante. Na volta o trem no qual viajava, sofre um terrível acidente. Todos os passageiros morrem. Milagrosamente o segurança sai do acidente sem nenhum arranhão.

Assim começa o filme Unbreakable, batizado no Brasil como Corpo Fechado, numa tentativa de emular o título do sucesso anterior de Shaymalan, O Sexto Sentido. Não é um filme muito fácil de ser digerido pelo público que não está habituado com o status quo dos super-heróis, bem como com o perfil do fã de quadrinhos. Mas pra quem gosta do universo dos superseres o filme é um deleite.

O nascimento de Elijah Price, o bebê dos membros quebrados, acontece em 1961, ano no qual foi lançada a revista do Quarteto Fantástico e marco inicial da Marvel Comics, a maior editora de quadrinhos de super-heróis do mundo, criadora de personagens como Homem-Aranha, X-Men, Capitão América, Homem de Ferro, Hulk, Thor, entre outros.

Ainda na infância, Price (interpretado com a competência de sempre por Samuel L. Jackson) recebe o apelido de “Mr. Glass” ou “Sr. Vidro”, devido a sua delicada condição de fraqueza nos ossos. Este será seu codinome de vilão.

O nome do herói é David Dunn (interpretado por Bruce Willis, trabalhando pela segunda vez de forma consecutiva com o diretor), ou seja, segue a tradição iniciada por Jerry Siegel no Superman, com os coadjuvantes Lois Lane, Lana Lang e Lex Luthor e continuada com Stan Lee na Marvel, com Peter Parker, Bruce Banner e Reed Richards.

Quando trabalha como segurança, David Dunn usa um uniforme azul e um boné vermelho, além disso, ele usa uma capa, uma capa de chuva. De qualquer forma é uma capa.

O primeiro gibi que Elijah Price ganha é um exemplar de Active Comics, com a logomarca
estilizada na logotipia da revista Action Comics, onde surgiu o Superman.

Elijah Price tem uma loja especializada chamada Edição Limitada e numa cena memorável encarna o Fanboy primordial ao tentar provar para um inocente pai que quer de presente ao filho de cinco anos uma página original de uma HQ desenhada a lápis, que aquele simples desenho não é um brinquedo, é arte. Típico comportamento de todos os leitores de quadrinhos.

O herói não é indestrutível como o título do filme sugere. Assim como todo super-herói que se preze ele tem uma fraqueza, a água. Se entrar numa piscina ele se afoga, se beber água muito rápido engasga. Aí está a justificativa para a capa de chuva onipresente.

David Dunn é o estereótipo do loser, um promissor astro de futebol americano que vira segurança e que passa por uma crise no casamento. Só uma pessoa tem confiança no pai, seu filho de oito anos, uma homenagem aos sidekicks, ou ajudantes de heróis, como Robin, Kid Flash, Bucky Barnes, etc.

No final o herói e o vilão se encontram e se revelam um para o outro, ou seja, a equação da existência do super-herói se completa, sempre existirá um vilão para o herói e vice-versa.

A maioria das pessoas pode ter achado o filme uma verdadeira porcaria, mas todo fã de quadrinhos que se preza, comprou uma cópia do DVD e guarda na sua estante junto a todas as famosas e milionárias adaptações de Superman, Batman, X-Men e Homem-Aranha.

Ficha Técnica: Unbreakable (2000) Direção e Roteiro: M. Night Shyamalan – Elenco: Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Robin Wright Penn, Spencer Treat Clark e Charlayne Woodard.

Imagens: Google.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Achou que ia saber o final de Preacher? Dançou!


A pior notícia do dia: a Ediouro anunciou oficialmente que rompeu o contrato de exclusividade que mantinha com a DC Comics para lançamento no Brasil dos selos Vertigo, Wildstorm e ABC (e o furo novamente foi do competentíssimo jornalista especializado em HQ’s Sidney Gusman, editor do UHQ).

A Ediouro anunciou que a Pixel continuará funcionando como um selo para lançamento de quadrinhos pela editora. Eu pergunto: pra quê? Até agora a editora carioca, que lança palavras cruzadas muito legais, mostrou total desconhecimento do mercado de HQ’s e fez como a Honda na Fórmula 1, botou a culpa na crise. Ora, a crise começou em outubro, mas as baixas vendas eram anteriores a este período e a editora não fez nada para que a situação mudasse.

Para mim, alguns motivos fundamentais foram responsáveis pela queda nas vendas:

1) A distribuição totalmente caótica das revistas, tanto em bancas, como em livrarias.

2) A precificação incorreta de algumas séries. Meu amigo, o leitor já estava habituado a pagar na época R$ 6,90 por 100 páginas impressas em Pisa Brite pela Panini, o que justificou lançar as mesmas 100 páginas em papel couchê por R$ 9,90. Que as séries eram adultas? O que dizer de Marvel Max então? Além disso, deveriam ficar no mínimo três meses com um preço promocional na capa, porque era um produto novo e precisava de uma estratégia de penetração no mercado.

3) O lançamento de encadernados dos encalhes, logo após o lançamento das revistas. Será que ninguém avisou a eles que moramos num país de terceiro mundo? Porque o cara vai comprar duas revistas de R$ 8,90, gastando R$ 17,80 no total, se dois meses depois poderá comprar um encadernado idêntico por R$ 17,90? E o gênio ainda pensou: “Vamos colocar R$ 0,10 mais caro, porque aí na próxima vez ele compra a minissérie, porque estará mais barata.” Ora, vai catar coquinho!

Eu tenho a impressão que a Ediouro comprou a Pixel com o único intuito de tirá-la do mercado ou foi redondamente enganada e achou que venderia milhões de exemplares de revistas.

Não é preciso ser nenhum gênio para saber que as revistas da linha Vertigo não conseguem manter nenhuma editora apenas com vendas de revistas. Quem se lembra da trajetória da Vertigo no Brasil sabe que a Editora Abril, lançou algumas séries, mas desistiu pois não eram lucrativas, mesmo lançando os principais títulos do selo. A Metal Pesado/TEQ/Atitude e a Brainstore quebraram lançando apenas Vertigo e a Panini, lançou apenas aquilo que achava que venderia, ou seja, salvo engano dois títulos, WE3 que vendeu bem e EX-Machina que vendeu mal. A única editora que obteve sucesso no lançamento das séries da Vertigo e outras mais foi a Devir, lançando encadernados, com preços compatíveis com a tiragem e mesmo assim, muitos álbuns tidos como sucesso, os títulos de Alan Moore por exemplo, ainda são encontrados com facilidade em lojas especializadas, bem como em virtuais, ou seja, não vendem horrores.

Rogo a Deus para que a Devir retome algumas séries, apesar de ter o planejamento afetado pela passagem de algumas séries pela Pixel.

Minha tristeza é não poder ver concluída em álbuns de luxo a série do Monstro do Pântano, não saber até hoje o final de Preacher e ter confiado mais uma vez numa editora que prometeu mundos e fundos e só nos deixou com os fundos.

Fonte: Blog Universo HQ.
Imagens: Google.

sábado, 25 de abril de 2009

Watchmen Capítulo 1 – “À Meia-Noite Todos os Agentes…”

Ontem recebi em casa a edição definitiva da obra prima sobre super-heróis de Alan Moore e Dave Gibbons, Watchmen. Esta deve ser a centésima tentativa de resenhar esta obra também definitiva sobre o gênero, tanto para o bem e quanto para o mal. Para o bem porque juntamente com o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, mostrou aos editores, escritores e desenhistas que os quadrinhos podiam alcançar outros níveis e para o mal porque depois destas duas obras, que venderam horrores e geraram mídia espontânea como nunca tinha se visto desde a criação de Superman e Batman, os executivos encomendaram aos editores que criassem clones deformados dessas histórias com heróis violentos e superficiais que quase afundaram a indústria na década seguinte, tanto é que desde 2000, o próprio Alan Moore produziu histórias que resgatam o charme e a essência dos personagens heróicos.

Apesar de não ter assistido o filme dirigido por Zach Snyder, acho Watchmen cinema puro, por causa de seus ângulos inusitados, sua narrativa sem pressa e simetria ímpar. Logo no começo temos uma narrativa em primeira pessoa extraída do Diário de Rorschach, o personagem que para mim representa o mundo maniqueísta dos super-heróis sempre tão preto e branco até então, mesmo que de forma distorcida e fascista. Seria como se Superman e Batman mantivessem até hoje suas características de justiceiros dos primeiros anos, sendo juiz, júri e executor, sem ter suas personalidades lapidadas durante sete décadas de existência.

Estamos em 1985 e Rorschach nos apresenta todos os personagens principais, investigando o assassinato do Comediante, um dos seus antigos colegas de profissão e um dos poucos que ainda atuavam de forma legal, após a aprovação da Lei Kenee em 1977, ele visita seus ex-colegas e os alerta sobre um suposto matador de mascarados.

Assim ficamos conhecendo, Edward Blake, o Comediante, Hollis Mason, o primeiro Coruja, Daniel Dreiberg, o segundo Coruja, Adrian Veidt, Ozymandias, Jon Osterman, Doutor Manhattan e Laurie Juspeczyk, a segunda espectral, a primeira é sua mãe, Sally Júpiter que será apresentada no momento oportuno.

E com Rorschach e sua visão extremista de justiça que conhecemos o falecido Edward Blake e sua vida secreta como Comediante, um Daniel Dreiberg aposentado, cabisbaixo e frustrado, um Adrian Veidt milionário e aparentemente alheio ao mundo exterior, o impressionante Dr. Manhattan com seu corpo azul e nu e sua namorada Laurie Juspeczyk, nervosa, inquieta e fumando um cigarro atrás do outro.

O primeiro quadro da primeira página deste capítulo, começa com a imagem de um bottom smile (aquele amarelo com um sorriso) próxima a um bueiro em torno de uma poça de sangue, depois um a um os outros quadros vão ampliando a visão da cena. Primeiro vemos mais um pouco da calçada, depois um homem lavando a calçada até chegar no último quadro onde um homem está olhando do alto da janela quebrada de um edifício.

O primeiro quadro da última página começa com um close sobre as mãos de Laurie Juspeczyk e Daniel Dreinberg segurando um botton smile. Da mesma forma que na primeira página, a imagem vai se ampliando aos poucos e no último quadro temos uma visão panorâmica de vários terraços de edifícios. E essa é apenas uma das simetrias ou sincronias desta fantástica HQ.

A cereja do bolo fica para o final, quando temos uma amostra grátis dos dois capítulos da biografia de Hollis Mason, o primeiro Coruja, intitulada Sob o Capuz. Totalmente em prosa e com ilustrações imitando registros fotográficos, conhecemos um pouco mais do passado do aposentado Hollis Mason e como ele começou a usar a cueca por cima da calça.

Diálogo marcante desta edição: Após invadir a casa de Daniel Dreiberg, o primeiro coruja, Rorschach pega uma lata de feijão na geladeira e fica comendo-a tranquilamente até que Dreinberg chega e no meio da conversa acha o Smile com uma mancha vermelha e pergunta: - Esta manchinha é caldo de feijão ou...? Rorschach responde: - Isso mesmo. Caldo de feijão humano. Hah, hah. O distintivo era do comediante. O sangue também.


Fonte: Watchmen Edição Definitiva - Editora Panini Comics.
Imagens: Google.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Invasão Secreta #1.













































O que você diria se descobrisse que seu vizinho, o qual você conhece por mais de 20 anos é um alienígena disfarçado e só estava esperando o momento certo para juntar-se aos seus e invadir a Terra? Esta é a premissa do mais novo evento da Marvel Comics que foi a grande sensação de 2008 na terra de Obama. Aqui na terra do Lula, a série está começando este mês. Os Skrulls, alienígenas transmorfos, estão infiltrados entre os humanos aparentemente há décadas e só agora foram descobertos porque os Vingadores mataram a ninja Elektra, que logo após morrer, retornou a sua forma Skrull original.

Estava distante dos quadrinhos de super-heróis desde o começo de 2008 e desde aquela época só compro quadrinhos esporadicamente. Decidi verificar esta saga, pois não é necessário comprar quatrocentas revistas para acompanhá-la.

A primeira edição é interessante e mantém o clima pesado de sua antecessora, a Guerra Civil. Os heróis que já não confiavam uns nos outros, estão mais cabreros do que nunca, não sabendo se estão conversando com um amigo ou com um Skrull disfarçado. Além disso, uma nave Skrull aterrissa na Terra Selvagem e sua tripulação não é exatamente o que os heróis esperavam.

Imagens: Google.

Nota 7.