segunda-feira, 27 de abril de 2009

Achou que ia saber o final de Preacher? Dançou!


A pior notícia do dia: a Ediouro anunciou oficialmente que rompeu o contrato de exclusividade que mantinha com a DC Comics para lançamento no Brasil dos selos Vertigo, Wildstorm e ABC (e o furo novamente foi do competentíssimo jornalista especializado em HQ’s Sidney Gusman, editor do UHQ).

A Ediouro anunciou que a Pixel continuará funcionando como um selo para lançamento de quadrinhos pela editora. Eu pergunto: pra quê? Até agora a editora carioca, que lança palavras cruzadas muito legais, mostrou total desconhecimento do mercado de HQ’s e fez como a Honda na Fórmula 1, botou a culpa na crise. Ora, a crise começou em outubro, mas as baixas vendas eram anteriores a este período e a editora não fez nada para que a situação mudasse.

Para mim, alguns motivos fundamentais foram responsáveis pela queda nas vendas:

1) A distribuição totalmente caótica das revistas, tanto em bancas, como em livrarias.

2) A precificação incorreta de algumas séries. Meu amigo, o leitor já estava habituado a pagar na época R$ 6,90 por 100 páginas impressas em Pisa Brite pela Panini, o que justificou lançar as mesmas 100 páginas em papel couchê por R$ 9,90. Que as séries eram adultas? O que dizer de Marvel Max então? Além disso, deveriam ficar no mínimo três meses com um preço promocional na capa, porque era um produto novo e precisava de uma estratégia de penetração no mercado.

3) O lançamento de encadernados dos encalhes, logo após o lançamento das revistas. Será que ninguém avisou a eles que moramos num país de terceiro mundo? Porque o cara vai comprar duas revistas de R$ 8,90, gastando R$ 17,80 no total, se dois meses depois poderá comprar um encadernado idêntico por R$ 17,90? E o gênio ainda pensou: “Vamos colocar R$ 0,10 mais caro, porque aí na próxima vez ele compra a minissérie, porque estará mais barata.” Ora, vai catar coquinho!

Eu tenho a impressão que a Ediouro comprou a Pixel com o único intuito de tirá-la do mercado ou foi redondamente enganada e achou que venderia milhões de exemplares de revistas.

Não é preciso ser nenhum gênio para saber que as revistas da linha Vertigo não conseguem manter nenhuma editora apenas com vendas de revistas. Quem se lembra da trajetória da Vertigo no Brasil sabe que a Editora Abril, lançou algumas séries, mas desistiu pois não eram lucrativas, mesmo lançando os principais títulos do selo. A Metal Pesado/TEQ/Atitude e a Brainstore quebraram lançando apenas Vertigo e a Panini, lançou apenas aquilo que achava que venderia, ou seja, salvo engano dois títulos, WE3 que vendeu bem e EX-Machina que vendeu mal. A única editora que obteve sucesso no lançamento das séries da Vertigo e outras mais foi a Devir, lançando encadernados, com preços compatíveis com a tiragem e mesmo assim, muitos álbuns tidos como sucesso, os títulos de Alan Moore por exemplo, ainda são encontrados com facilidade em lojas especializadas, bem como em virtuais, ou seja, não vendem horrores.

Rogo a Deus para que a Devir retome algumas séries, apesar de ter o planejamento afetado pela passagem de algumas séries pela Pixel.

Minha tristeza é não poder ver concluída em álbuns de luxo a série do Monstro do Pântano, não saber até hoje o final de Preacher e ter confiado mais uma vez numa editora que prometeu mundos e fundos e só nos deixou com os fundos.

Fonte: Blog Universo HQ.
Imagens: Google.

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