quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Poder solar


Super-heróis no Brasil nunca deram certo. Sempre funcionam mais como paródia, porque soa ridículo um cara com cueca pra fora da calça voando sobre São Paulo, por exemplo, embora em Nova York aceitemos isso como uma atividade corriqueira e perfeitamente normal. Infelizmente cada país merece a Liga da Justiça adequada ao seu perfil. A nossa, comandada pelo "Batman", está presa em Bangu I.

No mês de julho tive a grata surpresa de ler a HQ “Solar – Renascimento” do roteirista mineiro Wellington Srbek, que criou o personagem em 1994. Os desenhos da edição são de Rubens Lima e a editoração e o letreiramento ficaram por conta de Dênio Takahashi.

Esta HQ tem o intuito de reapresentar a origem do herói de forma mais contemporânea possível. A ação acontece na cidade de Belo Horizonte. O jovem Gabriel Ribeiro visita a Gruta da Água Funda e após tocar num desenho rupreste representando um Sol, tem um desmaio que mudará sua vida pra sempre.

Por se tratar de uma trama de origem a história mexe com o passado de Gabriel e sua mãe. É aí que reside o mistério para os seus poderes, na verdade poder, o poder de voar. A história tem uma boa fluência, mas poderia ser melhor se tivesse mais páginas.

Não que os autores não tivessem vontade, mas por se tratar de uma produção independente, existem os limites financeiros que impedem a produção de uma Graphic Novel, um formato justo para esta obra.

O que Solar tem de diferente dos outros heróis nacionais? Ele tem um pé calcado na realidade. É um cara comum como Peter Parker, mas que não precisa de um uniforme, ao menos por enquanto, porém precisa trabalhar para pagar as contas. Seus poderes são de origem mística indígena, o que liga o herói a cultura nacional, inclusive valorizando-a.

Os desenhos são bem feitos e lembram os traços de Joe Madureira e Ale Garza, porém sem os exageros anatômicos comuns aos trabalhos desses desenhistas. A produção do álbum também é cuidadosa, com capa em couchê, miolo em off set com boa gramatura e sem erros de português. A logomarca de Solar também é bonita apesar de lembrar a campanha contra o câncer de mama, tem tudo a ver com a proposta do herói.

O único senão fica para o final aberto, que deixa os leitores ansiosos para a próxima edição, que infelizmente não sabemos quando sairá. Mas o que me deixa mais perplexo é o fato de nenhuma editora se interessar em lançar Solar, mesmo que seja numa coletânea, já que todos os meses quilos de papel são desperdiçados com histórias ruins de super-heróis americanos, sem falso ufanismo. Solar tem capacidade para voar mais alto, basta o impulso necessário.

Solar: Renascimento – Preço: R$ 5,00 – Roteiro e edição: Wellington Srbek – Desenhos e Arte-Final: Rubens Lima – Letras e Editoração Eletrônica: Dênio Takahashi – Para adquirir basta enviar um e-mail para wellingtonsrbek@ig.com.br.

sábado, 13 de junho de 2009

Quadrinhos Teen.

A notícia de destaque deste início de mês foi a adaptação dos quadrinhos da Luluzinha pela Editora Pixel, pertencente ao grupo Ediouro. Baseados no sucesso da revista Turma da Mônica Jovem, produzida pelos Estúdios Maurício de Souza e comercializada pela Panini Comics, que transforma a turminha da Rua do Limoeiro em adolescentes desenhados no estilo mangá, a Ediouro decidiu fazer o mesmo e amadurecer os personagens da turma da Lulu. Bolinha está magro, Lulu perdeu seus caxinhos e Alvinho é um skatista massa véio.

Sem querer entrar no mérito de discutir a qualidade da publicação, até porque não li nenhuma das duas séries, apenas vou imaginar se a moda pega e outros personagens acabem sofrendo as mesmas adaptações.

Mafalda Teen - Mafalda agora é uma adolescente que defende os valores argentinos, dança tango, faz panelaço e acha que Maradona é melhor que Pelé.

Calvin e Haroldo Feroz - Calvin é um adolescente revoltado que tem sempre a companhia do seu pitbull Haroldo. Todas as frustrações que ele sofreu na infância ao ter sua imaginação fértil podada e desacreditada, estão expostas nas suas quarenta tatuagens e nos seus trinta e dois piercings.

Crazy Boy - O Menino Maluquinho cresceu, abandonou a panela da cabeça e agora usa um capacete que combina com sua moto tunada. Louco por pegas de moto nas rodovias, fica doido quando alguém o desafia para um racha. No final das aventuras sempre sofre uma fratura em alguma parte do corpo. Sua meta é entrar para o Guiness Book.

Hugão, Zezão e Luizão - Após a morte do Tio Patinhas, os três sobrinhos do Pato Donald, ficaram responsáveis em proteger a fortuna do velho pato. Equipados com as tecnologias mais modernas, eles vigiam dia e noite a caixa-forte do Patinhas, contra inimigos malignos e malévolos. Eles são barra-pesada, eles tem pegada e estão de olho nos bandidos.

Riquinho Teen - As melhores baladas, os melhores celulares, as viagens mais disputadas e o mundo das clebridades. Todos os meses Riquinho Teen mostrará pra você tudo que o dinheiro pode comprar em lugares como Mônaco, Bahamas e Ilhas Caimãn. Afinal, nunca é cedo demais para visitar paraísos fiscais.

Imagens: Google.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

De quem é a culpa afinal?

No seu livro "Desvendando os Quadrinhos" (M. Books, 2005) Scott McCloud define histórias em quadrinhos como: imagens pictóricas e outras justapostas em sequência deliberada destinadas a transmitir informações e/ou produzir uma resposta ao espectador. Em nenhum momento foi dito que os quadrinhos são a melhor forma de alfabetizar uma criança ou que revistas em quadrinhos são destinadas apenas ao público infanto-juvenil.


Para pessoas como eu que leêm quadrinhos a décadas, é notório que existem quadrinhos para todos os tipos de gostos, infantis, juvenis, adultos, políticos, biografias, humorísticos, eróticos, didáticos, enfim, uma miríade de opções.

Entretanto algumas pessoas ainda acham que por se tratar de histórias em quadrinhos, os mesmos devem ser recomendados para crianças.

Foi o que fez o responsável por identificar e indicar livros para o projeto do governo que prevê a compra de livros para auxiliar na alfabetização de alunos do ensino fundamental. Ele avaliou o livro "Dez na Área, Um na Banheira e Nenhum no Gol.", como sendo benéfico para os alunos do sexo masculino da 3ª série do ensino fundamental, que tem em sua maioria 9 anos de idade, pois tem como tema principal o futebol.

Ele só se esqueceu de verificar o conteúdo com um critério maior, pois das 11 histórias que compõem o álbum, três apresentam conteúdo inadequado para crianças nessa faixa etária.

A culpa é da editora, dos criadores, das histórias em quadrinhos ou da Secretaria de Educação? De nenhum deles. Apenas houve um erro de avaliação por parte do responsável pela seleção dos livros. O problema inclusive já foi solucionado e o Secretário da Educação do Estado de São Paulo, Paulo Renato de Souza, disse em entrevista ao Programa Boa Tarde da Band, que nenhum aluno chegou a ter contato com o livro.

Ao invés de perderem mais tempo com esse assunto que para mim não tem importância nenhuma, porque é que pais, órgãos de imprensa, professores e autoridades, esqueçam esse assunto e lembrem de melhorar a qualidade de ensino, treinar melhor os professores, contratar melhor os professores, impedir que a violência entre na escolam, enfim, que trabalhem em prol da educação.

O Governador José Serra inclusive cometeu um equívoco ao dizer em entrevista que o álbum era de extremo mau gosto, desconsiderando o trabalho de artistas renomados no mercado como Caco Galhardo, Spacca, Allan Sieber, Fábio Moon e Gabriel Bá. Se a questão era justificar um erro da sua administração, que procurasse primeiro apurar os fatos e não simplesmente jogar a culpa na obra em questão, que serve sim para muitas pessoas e talvez até poderia ser remanejado para alunos do Ensino Médio.

Em alguns casos específicos, existem crianças que acham o palavreado recheado de palavrões das três histórias em questão, leves demais, pois todos os dias vêem coisas muito piores na comunidade onde vivem. Esse tipo de realidade os governantes costumam evitar. É mais fácil falar mal da HQ.

Imagens: Google.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Geração X na Globo

Se você está a toa e gosta de quadrinhos como eu, precisa assistir a uma pérola que será exibida na Sessão da Tarde de hoje. O filme em questão foi um tentativa (infeliz) de se fazer um piloto para TV de uma séria com os mutantes adolescentes da Marvel chamada Geração X. Esta série mostrava uma escola de mutantes comandada pela ex-inimiga dos X-Men Rainha Branca e pelo amigo Banshee, uma telepata e um emissor de vibrações sonoras. Na década de 90 os mutantes da Marvel dominavam a venda de HQ's, porém não conseguiam emplacar o sucesso em outras mídias, apesar de projetos não faltarem.

Então, buscaram a HQ mais palatável ao público Massavéio (que na época acho que era Muitoloco) e mostraram como não deveria se fazer um filme ou telessérie. Aí a Marvel recomeçou seus filmes com Blade em 1998 e fizeram X-Men em 2000 com Bryan Singer, o resto é história.


Serviço: Geração X - Direção: Jack Sholder (quem?) - Elenco: Matt Frewer, Finola Hughes, Suzanne Davis, Amarilis, Heather Mccomb, Jeremy Ratchford (quem é essa galera?). Hoje na Sessão da Tarde á partir das 15h55.


Fonte: Rede Globo.

Watchmen Capítulo 3 – “O Juiz de Toda Terra”

O capítulo que mostra o auto-exílio do Dr. Manhattan, felizmente ou infelizmente me força a ser repetitivo, pois é uma nova obra-prima da dupla Moore e Gibbons. E digo da dupla porque muitos endeusam tanto Moore, e eu sou um deles, que acabamos nos esquecendo da grande contribuição de Dave Gibbons para Watchmen. Isto fica claro quando vemos a primeira página deste capítulo e nos atentamos aos detalhes do quarto quadro, que toma dois terços da página e mostra um jornaleiro conversando com um cliente. Ao fundo da cena em segundo plano, vemos um servente, provavelmente da prefeitura de Nova York, colocando um aviso de abrigo nuclear na parede. A quantidade de detalhes é imensa, bem como mostra expressões excelentes das personagens.

Estes dois coadjuvantes são importantes porque através deles é que conhecemos a narrativa paralela que acompanha boa parte da HQ e insere a metalinguagem na revista. É a HQ dentro da HQ, que serve como contraponto à narrativa principal. O mais interessante é que o cliente da banca, um garoto que fica sentado no chão apoiado sobre um carregador de baterias de carro ao lado da banca, é que nos leva a conhecer a HQ “Os Contos do Cargueiro Negro” através da sua leitura das páginas do gibi. È a representação do fanboy mediano e do jornaleiro rabugento.

Todas as vezes nas quais aparece, “Os Contos do Cargueiro Negro” faz a conexão narrativa com as situações apresentadas na HQ. Mas não só o cargueiro. Como disse anteriormente, o texto e o desenho se conectam muitas vezes em situações antagônicas ou completamente desconexas.

O maior exemplo desta edição, ocorre quando Laurie Juspeczyk, abandona o Dr, Manhattan na base militar e vai para a casa de Dan Dreiberg. Enquanto o Dr. Manhattan se apronta para ir a um programa de auditório tipo Programa do Jô, Laurie conta para Dan o ocorrido e as frases e imagens se conectam. Quando Laurie diz “...peço para entender por que é que ficou tão emaranhado.” Quando se refere a não entender as coisas que aconteceram a ela, a cena mostra o Dr. Manhattan dando nó em sua gravata.

Após ser interrogado durante o programa no qual compareceu, se tinha causado câncer em seus inimigos, amigos e aliados, o Dr. Manhattan perde o controle, teleporta todas as pessoas para fora do estúdio e decide ir para Marte, passando antes numa base militar e pegando uma foto. A arma estratégica dos EUA foi embora, o que será do mundo depois disso?

Temos no final, a última parte do livro fictício Sob o Capuz, escrito pelo aventureiro mascarado aposentado, Hollis Mason, vulgo Coruja. Neste capítulo ele conta o ocaso dos super-heróis da sua geração e a ascensão dos novos combatentes do crime.

Trecho marcante desta edição: Um arauto do apocalipse, tipo homem-sanduíche, faz uma piada com o jornaleiro, típica daquelas que vimos Renato Aragão fazer nos Trapalhões durante toda a década de 70. Se você não conhece os Trapalhões, acesse o Youtube e procure, lá tem diversos clipes dos quatro humoristas. Se você é como eu e cresceu vendo Didi e Cia. reveja e seja feliz.

Fonte: Watchmen Edição Definitiva - Editora Panini Comics.Imagens: Google.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

100ª postagem: A Liga Extraordinária


Quem diria! Cheguei a 100ª postagem. Para quem não sabe ainda o que fazer da vida como eu, pelo menos alguma coisa estou fazendo. Agora eu não desistirei mais.

Para coroar esta marca pessoal, recebi hoje no meu e-mail o boletim semanal de lançamentos da Panini Comics como de costume e qual não foi a minha surpresa quando anunciaram o lançamento da Edição Definitiva da Liga Extraordinária, escrita pelo genial Alan Moore e desenhado pelo não menos talentoso Kevin O'Neill.

Esta notícia para mim equivale a um presente de aniversário antecipado, pois mesmo tendo a edição encaderanda da Devir, uma edição definitiva é sempre especial porque geralmente tem um tamanho maior que o normal, acabamento luxuoso e conteúdo extra. Tudo isso obviamente implica num custo maior, que vale muito a pena.

Pra quem não conhece a obra, tata-se da investigação sobre um terrorista que atua no submundo chinês da Londres do final do século XIX, investigado por nada mais nada menos que Mina Murray, Allan Quarteiman, Dr. Henry Jekill, Sr. Edward Hyde, Capitão Nemo e Hawley Griffin. Se você ainda não reconheceu as personagens citadas eu ajudo, Mina Murray é remanescente do romance Drácula (1897) de Bram Stocker, Allan Quarteiman foi criado por Sir Henry Rider Haggard para o livro As Minas do Rei Salomão (1885), Dr. Jekill e Mr. Hyde são protagonistas de O Médico e o Monstro (1886) de Robert Louis Stevenson, Capitão Nemo comanda o Náutilus em 20.000 Léguas Submarinas (1870) de Júlio Verne e por fim Hawley Griffin é o amoral e imoral homem sem sombra de O Homem Invisível (1897) escrito por H. G. Wells.

Alan Moore percebeu que os romances são todos contemporâneos e imaginou as personagens vivendo no mesmo universo e se unindo contra um mal maior que eles, emulando os grupos de super-heróis como Liga da Justiça, Vingadores e X-Men, embora a comparação pare por aí, pois a obra de Moore tem aquela profundidade que todos nós conhecemos, já que em 95% do trabalho do inglês, nada é gratuito, tudo tem um refinamento criativo, difícil de ver na maioria dos quadrinhos.

Moore ainda continuou a lançar outras edições da saga dos extraordinários cavaleiros (o título original é The League of Extraordinary Gentleman). Um volume dois foi lançado, dando prosseguimento ao gancho deixado no final do volume um, e assim como o volume um o dois também foi lançado aqui no Brasil pela Devir. Infelizmente não consegui comprar a tempo e este volume é dificílimo de se encontrar. Também foi lançado um outro volume chamado The Black Dossier, que na verdade serve como ligação entre o segundo e o terceiro volume, que acaba de sair nos Estados Unidos e será dividido em três partes.

Vamos torcer para que a Panini lance todos os volumes, porque esta obra não pode e não deve ficar sem continuação aqui no Brasil, por dois motivos: o primeiro, porque eu sou louco pelas HQ's do inglês e quero ler de qualquer jeito e segundo para não seguir a tradição de tantas outras HQ's seminais que não são publicadas no idioma de Camões.

Só um lembrete muito importante, se você assistiu aquele refugo chamado de filme baseado na Liga Extraordinária, PELO AMOR DE DEUS ESQUEÇA!!! Aquela coisa não tem nada a ver com a HQ, é apenas lixo, enquanto a HQ, mesmo que fosse publicada em papel higiênico, é um luxo.

Fonte: Direto da Redação nº 80, boletim semanal informativo da Editora Panini Comics.

Invasão Secreta #2

Ontem li a segunda parte da minissérie em oito partes escrita por Brian Michael Bendis e confesso que fiquei um pouco decepcionado porque o ritmo caiu em relação a primeira edição que foi muito movimentada.

Nesta edição temos apenas o confronto entre as duas equipes de Vingadores que estavam na Terra e a equipe de Vingadores dos anos 80, a qual imaginávamos que traria alguma surpresa. Mas ficou naquilo que todos imaginavam, a maioria era skrull, mas nem todos. Não imagine que algum figurão da Marvel era um skrull infiltrado, como na maioria das vezes, as mudanças sempre acontecem no segundo ou terceiro escalão de heróis.

No final da primeira históira desta edição uma armada skrull desembarca no meio de Nova York.

Eu não gosto muito dos desenhos do Leinil Francis Yu, pois são muito irregulares, não na anatomia, mas no estilo. Parece que ele vive procurando o seu estilo sempre. Além disso a narrativa estava um pouco bagunçada.

Além disso, para ajudar os leitores a Panini encerrou a edição com três histórias curtas, com histórias paralelas aos eventos principais mostrados na primeira história. Sinceramente, isso só ajudou a bagunçar a cabeça de quem não acompanha as outras séries da Panini. Se for uma maneira de gerar interesse de leitores que não acompanham outras séries ligadas ao evento, não funcionou porque não houve nenhuma menção a isso. Pra mim, foi só uma maneira de inflar a revista e cobrar um preço maior por ela. Se tivessem lançado duas edições da série principal como fizeram por exemplo em Dinastia M, seria mais interessante.

Invasão Secreta - nº 2 de 8 - R$ 6,50 - 52 páginas - Escrito por Brian Michael Bendis - Desenhado por Leinil Francis Yu - Arte-Finalizado por Mark Morales - Colorido por Laura Martin - Editado Originalmente por Tom Brevoort e Joe Quesada - Traduzido por Jotapê Martins - Letreirado por Marcos Valério - Editado no Brasil por Fernando Lopes.

Imagens: Google.
Fonte: Eu li a bagaça.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Watchmen Capítulo 2 – “Amigos Ausentes”

Este é o capítulo que narra o enterro do Comediante, morto na edição anterior. Novamente um show de narrativa. Enquanto o comediante é enterrado, o passado é desenterrado por aqueles que conviveram com o politicamente incorreto Eddie Blake. Sally Júpiter, que está numa casa de repouso para idosos na Califórnia, recebe a visita de sua filha Laurie. Olhando algumas fotos e objetos antigos ela relembra o momento no qual foi agredida e quase violentada pelo Comediante em 1940.

No enterro Adrian Veidt, o Ozymandias, relembra sua participação numa reunião de super-heróis totalmente ridicularizada pelo Comediante. Jon Osterman, o Dr. Manhattan, lembra do assassinato cometido por Eddie Blake durante sua passagem na Guerra do Vietnã. Por fim, Daniel Dreinberg, se recorda dos confrontos com a população, durante a greve de policiais na década de 70. Todos têm alguma lembrança do Comediante e nenhuma delas é boa. Porém, todos têm certeza de que sua visão aparentemente distorcida do mundo pode ser a visão correta.

Para finalizar os flashback’s, Rorschach invade a casa de um antigo vilão chamado Moloch, o qual recebeu a visita do Comediante uma semana antes de sua morte. Para Moloch, o Comediante parecia dizer coisas sem sentido e frases desconexas e aí reside o grande charme desta obra. O antagonismo de algumas situações e a sua perfeita conexão.

È recorrente durante a leitura da HQ, nos depararmos com diversas cenas, que diferem do texto inserido nos recordatórios e balões. Quando Sally Júpiter pergunta para a filha se está fazendo sol em Nova York, ela responde que sim, porém o desenho mostra uma chuva torrencial durante o enterro.

O Comediante é amoral, irresponsável, corrupto e mal, porém é o único além do Dr. Manhattan, que enxerga o que pode ocorrer no futuro e isso sem ter superpoderes.

No final deste capítulo, mais um trecho do fictício livro auto-biográfico de Hollis Mason, o primeiro Coruja, contando como foram suas primeiras atuações como super-herói e os encontros com outros heróis, que não eram assim tão maravilhosos como pareciam.

Trecho marcante desta edição: O Comediante incendeia um mapa de combate ao crime feito pelo Capitão Metrópolis durante a tentativa de reunir os novos heróis na década de 70 e dispara: “Acham mesmo que isso tem importância? Acham que resolve alguma coisa? Resolve porra nenhuma. Vou mostrar porque não resolve. Não resolve porque, dentro de trinta anos, vai ter ogiva nuclear voando feito marimbondo e então o Ozzy aqui vai ser o cara mais esperto das cinzas. Agora, com licença. Tenho mais o que fazer.”

Fonte: Watchmen Edição Definitiva - Editora Panini Comics.
Imagens: Google.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Indestrutível.


Quando falamos em filmes de super-heróis, sempre nos lembramos daqueles que adaptam histórias extraídas diretamente dos quadrinhos, a sopa primordial de onde surgiram estes estranhos seres que usam a cueca por fora da calça. Porém, um filme lançado em 2000 pelo cineasta sensação daquela época, M. Night Shaymalan, diretor do sucesso Sexto Sentido, filme que resgatou a carreira do ex-astro de ação Bruce Willis, é uma das maiores homenagens feitas ao gênero.

Uma mulher dá à luz ao seu filho numa loja de departamentos e aguarda a chegada da ambulância. Quando o médico chega para verificar as condições de saúde da mãe e da criança, deixa todos chocados ao informá-los que o bebê estava com os braços e pernas quebrados. Um segurança do estádio da universidade da Filadélfia com o casamento em crise, viaja para Nova York procurando um novo emprego que o livrará do casamento sufocante. Na volta o trem no qual viajava, sofre um terrível acidente. Todos os passageiros morrem. Milagrosamente o segurança sai do acidente sem nenhum arranhão.

Assim começa o filme Unbreakable, batizado no Brasil como Corpo Fechado, numa tentativa de emular o título do sucesso anterior de Shaymalan, O Sexto Sentido. Não é um filme muito fácil de ser digerido pelo público que não está habituado com o status quo dos super-heróis, bem como com o perfil do fã de quadrinhos. Mas pra quem gosta do universo dos superseres o filme é um deleite.

O nascimento de Elijah Price, o bebê dos membros quebrados, acontece em 1961, ano no qual foi lançada a revista do Quarteto Fantástico e marco inicial da Marvel Comics, a maior editora de quadrinhos de super-heróis do mundo, criadora de personagens como Homem-Aranha, X-Men, Capitão América, Homem de Ferro, Hulk, Thor, entre outros.

Ainda na infância, Price (interpretado com a competência de sempre por Samuel L. Jackson) recebe o apelido de “Mr. Glass” ou “Sr. Vidro”, devido a sua delicada condição de fraqueza nos ossos. Este será seu codinome de vilão.

O nome do herói é David Dunn (interpretado por Bruce Willis, trabalhando pela segunda vez de forma consecutiva com o diretor), ou seja, segue a tradição iniciada por Jerry Siegel no Superman, com os coadjuvantes Lois Lane, Lana Lang e Lex Luthor e continuada com Stan Lee na Marvel, com Peter Parker, Bruce Banner e Reed Richards.

Quando trabalha como segurança, David Dunn usa um uniforme azul e um boné vermelho, além disso, ele usa uma capa, uma capa de chuva. De qualquer forma é uma capa.

O primeiro gibi que Elijah Price ganha é um exemplar de Active Comics, com a logomarca
estilizada na logotipia da revista Action Comics, onde surgiu o Superman.

Elijah Price tem uma loja especializada chamada Edição Limitada e numa cena memorável encarna o Fanboy primordial ao tentar provar para um inocente pai que quer de presente ao filho de cinco anos uma página original de uma HQ desenhada a lápis, que aquele simples desenho não é um brinquedo, é arte. Típico comportamento de todos os leitores de quadrinhos.

O herói não é indestrutível como o título do filme sugere. Assim como todo super-herói que se preze ele tem uma fraqueza, a água. Se entrar numa piscina ele se afoga, se beber água muito rápido engasga. Aí está a justificativa para a capa de chuva onipresente.

David Dunn é o estereótipo do loser, um promissor astro de futebol americano que vira segurança e que passa por uma crise no casamento. Só uma pessoa tem confiança no pai, seu filho de oito anos, uma homenagem aos sidekicks, ou ajudantes de heróis, como Robin, Kid Flash, Bucky Barnes, etc.

No final o herói e o vilão se encontram e se revelam um para o outro, ou seja, a equação da existência do super-herói se completa, sempre existirá um vilão para o herói e vice-versa.

A maioria das pessoas pode ter achado o filme uma verdadeira porcaria, mas todo fã de quadrinhos que se preza, comprou uma cópia do DVD e guarda na sua estante junto a todas as famosas e milionárias adaptações de Superman, Batman, X-Men e Homem-Aranha.

Ficha Técnica: Unbreakable (2000) Direção e Roteiro: M. Night Shyamalan – Elenco: Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Robin Wright Penn, Spencer Treat Clark e Charlayne Woodard.

Imagens: Google.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Achou que ia saber o final de Preacher? Dançou!


A pior notícia do dia: a Ediouro anunciou oficialmente que rompeu o contrato de exclusividade que mantinha com a DC Comics para lançamento no Brasil dos selos Vertigo, Wildstorm e ABC (e o furo novamente foi do competentíssimo jornalista especializado em HQ’s Sidney Gusman, editor do UHQ).

A Ediouro anunciou que a Pixel continuará funcionando como um selo para lançamento de quadrinhos pela editora. Eu pergunto: pra quê? Até agora a editora carioca, que lança palavras cruzadas muito legais, mostrou total desconhecimento do mercado de HQ’s e fez como a Honda na Fórmula 1, botou a culpa na crise. Ora, a crise começou em outubro, mas as baixas vendas eram anteriores a este período e a editora não fez nada para que a situação mudasse.

Para mim, alguns motivos fundamentais foram responsáveis pela queda nas vendas:

1) A distribuição totalmente caótica das revistas, tanto em bancas, como em livrarias.

2) A precificação incorreta de algumas séries. Meu amigo, o leitor já estava habituado a pagar na época R$ 6,90 por 100 páginas impressas em Pisa Brite pela Panini, o que justificou lançar as mesmas 100 páginas em papel couchê por R$ 9,90. Que as séries eram adultas? O que dizer de Marvel Max então? Além disso, deveriam ficar no mínimo três meses com um preço promocional na capa, porque era um produto novo e precisava de uma estratégia de penetração no mercado.

3) O lançamento de encadernados dos encalhes, logo após o lançamento das revistas. Será que ninguém avisou a eles que moramos num país de terceiro mundo? Porque o cara vai comprar duas revistas de R$ 8,90, gastando R$ 17,80 no total, se dois meses depois poderá comprar um encadernado idêntico por R$ 17,90? E o gênio ainda pensou: “Vamos colocar R$ 0,10 mais caro, porque aí na próxima vez ele compra a minissérie, porque estará mais barata.” Ora, vai catar coquinho!

Eu tenho a impressão que a Ediouro comprou a Pixel com o único intuito de tirá-la do mercado ou foi redondamente enganada e achou que venderia milhões de exemplares de revistas.

Não é preciso ser nenhum gênio para saber que as revistas da linha Vertigo não conseguem manter nenhuma editora apenas com vendas de revistas. Quem se lembra da trajetória da Vertigo no Brasil sabe que a Editora Abril, lançou algumas séries, mas desistiu pois não eram lucrativas, mesmo lançando os principais títulos do selo. A Metal Pesado/TEQ/Atitude e a Brainstore quebraram lançando apenas Vertigo e a Panini, lançou apenas aquilo que achava que venderia, ou seja, salvo engano dois títulos, WE3 que vendeu bem e EX-Machina que vendeu mal. A única editora que obteve sucesso no lançamento das séries da Vertigo e outras mais foi a Devir, lançando encadernados, com preços compatíveis com a tiragem e mesmo assim, muitos álbuns tidos como sucesso, os títulos de Alan Moore por exemplo, ainda são encontrados com facilidade em lojas especializadas, bem como em virtuais, ou seja, não vendem horrores.

Rogo a Deus para que a Devir retome algumas séries, apesar de ter o planejamento afetado pela passagem de algumas séries pela Pixel.

Minha tristeza é não poder ver concluída em álbuns de luxo a série do Monstro do Pântano, não saber até hoje o final de Preacher e ter confiado mais uma vez numa editora que prometeu mundos e fundos e só nos deixou com os fundos.

Fonte: Blog Universo HQ.
Imagens: Google.

sábado, 25 de abril de 2009

Watchmen Capítulo 1 – “À Meia-Noite Todos os Agentes…”

Ontem recebi em casa a edição definitiva da obra prima sobre super-heróis de Alan Moore e Dave Gibbons, Watchmen. Esta deve ser a centésima tentativa de resenhar esta obra também definitiva sobre o gênero, tanto para o bem e quanto para o mal. Para o bem porque juntamente com o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, mostrou aos editores, escritores e desenhistas que os quadrinhos podiam alcançar outros níveis e para o mal porque depois destas duas obras, que venderam horrores e geraram mídia espontânea como nunca tinha se visto desde a criação de Superman e Batman, os executivos encomendaram aos editores que criassem clones deformados dessas histórias com heróis violentos e superficiais que quase afundaram a indústria na década seguinte, tanto é que desde 2000, o próprio Alan Moore produziu histórias que resgatam o charme e a essência dos personagens heróicos.

Apesar de não ter assistido o filme dirigido por Zach Snyder, acho Watchmen cinema puro, por causa de seus ângulos inusitados, sua narrativa sem pressa e simetria ímpar. Logo no começo temos uma narrativa em primeira pessoa extraída do Diário de Rorschach, o personagem que para mim representa o mundo maniqueísta dos super-heróis sempre tão preto e branco até então, mesmo que de forma distorcida e fascista. Seria como se Superman e Batman mantivessem até hoje suas características de justiceiros dos primeiros anos, sendo juiz, júri e executor, sem ter suas personalidades lapidadas durante sete décadas de existência.

Estamos em 1985 e Rorschach nos apresenta todos os personagens principais, investigando o assassinato do Comediante, um dos seus antigos colegas de profissão e um dos poucos que ainda atuavam de forma legal, após a aprovação da Lei Kenee em 1977, ele visita seus ex-colegas e os alerta sobre um suposto matador de mascarados.

Assim ficamos conhecendo, Edward Blake, o Comediante, Hollis Mason, o primeiro Coruja, Daniel Dreiberg, o segundo Coruja, Adrian Veidt, Ozymandias, Jon Osterman, Doutor Manhattan e Laurie Juspeczyk, a segunda espectral, a primeira é sua mãe, Sally Júpiter que será apresentada no momento oportuno.

E com Rorschach e sua visão extremista de justiça que conhecemos o falecido Edward Blake e sua vida secreta como Comediante, um Daniel Dreiberg aposentado, cabisbaixo e frustrado, um Adrian Veidt milionário e aparentemente alheio ao mundo exterior, o impressionante Dr. Manhattan com seu corpo azul e nu e sua namorada Laurie Juspeczyk, nervosa, inquieta e fumando um cigarro atrás do outro.

O primeiro quadro da primeira página deste capítulo, começa com a imagem de um bottom smile (aquele amarelo com um sorriso) próxima a um bueiro em torno de uma poça de sangue, depois um a um os outros quadros vão ampliando a visão da cena. Primeiro vemos mais um pouco da calçada, depois um homem lavando a calçada até chegar no último quadro onde um homem está olhando do alto da janela quebrada de um edifício.

O primeiro quadro da última página começa com um close sobre as mãos de Laurie Juspeczyk e Daniel Dreinberg segurando um botton smile. Da mesma forma que na primeira página, a imagem vai se ampliando aos poucos e no último quadro temos uma visão panorâmica de vários terraços de edifícios. E essa é apenas uma das simetrias ou sincronias desta fantástica HQ.

A cereja do bolo fica para o final, quando temos uma amostra grátis dos dois capítulos da biografia de Hollis Mason, o primeiro Coruja, intitulada Sob o Capuz. Totalmente em prosa e com ilustrações imitando registros fotográficos, conhecemos um pouco mais do passado do aposentado Hollis Mason e como ele começou a usar a cueca por cima da calça.

Diálogo marcante desta edição: Após invadir a casa de Daniel Dreiberg, o primeiro coruja, Rorschach pega uma lata de feijão na geladeira e fica comendo-a tranquilamente até que Dreinberg chega e no meio da conversa acha o Smile com uma mancha vermelha e pergunta: - Esta manchinha é caldo de feijão ou...? Rorschach responde: - Isso mesmo. Caldo de feijão humano. Hah, hah. O distintivo era do comediante. O sangue também.


Fonte: Watchmen Edição Definitiva - Editora Panini Comics.
Imagens: Google.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Invasão Secreta #1.













































O que você diria se descobrisse que seu vizinho, o qual você conhece por mais de 20 anos é um alienígena disfarçado e só estava esperando o momento certo para juntar-se aos seus e invadir a Terra? Esta é a premissa do mais novo evento da Marvel Comics que foi a grande sensação de 2008 na terra de Obama. Aqui na terra do Lula, a série está começando este mês. Os Skrulls, alienígenas transmorfos, estão infiltrados entre os humanos aparentemente há décadas e só agora foram descobertos porque os Vingadores mataram a ninja Elektra, que logo após morrer, retornou a sua forma Skrull original.

Estava distante dos quadrinhos de super-heróis desde o começo de 2008 e desde aquela época só compro quadrinhos esporadicamente. Decidi verificar esta saga, pois não é necessário comprar quatrocentas revistas para acompanhá-la.

A primeira edição é interessante e mantém o clima pesado de sua antecessora, a Guerra Civil. Os heróis que já não confiavam uns nos outros, estão mais cabreros do que nunca, não sabendo se estão conversando com um amigo ou com um Skrull disfarçado. Além disso, uma nave Skrull aterrissa na Terra Selvagem e sua tripulação não é exatamente o que os heróis esperavam.

Imagens: Google.

Nota 7.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O que aprendi com o Lobo Solitário.



Este ano finalmente terminei de ler o último volume do clássico mangá (quadrinho japonês) Lobo Solitário, escrito por Kazuo Koike e desenhado por Goseki Kojima, lançado aqui no Brasil em 28 volumes pela Editora Panini Comics. Confesso que sempre tive um pé atrás com mangás, principalmente por ter que ler de trás pra frente, e antes que vocês achem que eu sei ler japonês, as revistas são publicadas desta forma para baratear a produção, pois inverter o formato encareceria demais o lançamento no ocidente, portanto elas tem o sentido oriental de leitura, mas são todas traduzidas para o português. O Lobo Solitário conta a história de Itto Ogami, uma samurai que exercia a função de executor do Xogum, um dos três cargos mais importantes do Japão Feudal. Traído pelo clã Yagiu, que desejava aumentar ainda mais seu poder, teve sua mulher morta e ainda por cima ficou com um filho recém nascido. Ele decide então virar um Ronin, samurai errante, e seguir o caminho do Meifumadô, inferno budista, junto ao seu filho Daigoro. Além de mostrar a triste sina destes dois trágicos personagens, o mangá trata de dois assuntos que perderam muito do seu real significado atualmente, honra e lealdade.

Os samurais seguiam à risca o Bushidô, seu código de conduta, e se necessário morriam por ele. Ter honra era um assunto sagrado e quem desonrasse alguém ou algo deveria cometer o sepukku, suicídio. Além disso, os autores mostram um conhecimento profundo do Japão feudal reconstituindo a época nos mínimos detalhes e construindo uma história repleta de reviravoltas emocionantes. Eu acho que não precisamos seguir nenhum código rígido de conduta como o dos samurais, sermos as pessoas mais certinhas do mundo ou abrir uma ong, acredito que apenas sendo corretos dentro do nosso círculo de relacionamentos – amigos, familiares, colegas de trabalho – daremos um grande passo para construirmos um país melhor, principalmente ensinando atitudes corretas para nossos filhos. Voltando ao Lobo Solitário, é exatamente isso que Itto Ogami ensina ao seu filho Daigoro desde pequeno.

Uma das cenas mais marcantes acontece quando ele deixa o garoto de 4 anos, cuidando sozinho de duas espadas que servirão para finalizar o duelo entre Itto e seu nemêsis Retsudô Yagiu. O menino enfrenta intempéries, refugiados de uma enxente, uma carroça desgovernada, mas impede que todos cheguem perto das espadas. A lição que aprendi relembrando desta cena é, dar responsabilidade à criança desde cedo, pois ela um dia será um adulto. Obviamente que a obra exagera, pois o pai só adotou esta atitude extrema, sabendo que teria pouco tempo de vida e que seu filho enfrentaria sozinho um mundo violento e cruel. Mas, guardando as devidas proporções, será que nossos filhos enfrentarão desafios diferentes?


Pra finalizar, recomendo o filme “O Último Samurai” com Tom Cruise e Ken Watanabe, apesar de não gostar do final clichê e forçado, o filme mostra com competência a faceta do samurai honrado.




Texto publicado originalmente em 13/02/2008 no site http://www.nossanoite.com.br/divadomasini/

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Quem vigia os vigilantes?



O excelente site sobre entretenimento Omelete, liberou o trailer do filme Watchmen legendado e com uma pequena introdução do diretor Zack Snyder. Clique aqui para assistir.

Watchmen é uma das melhores HQ’s de todos os tempos e sem dúvida a melhor quando se trata de super-heróis. Desde o anúncio do filme, a comunidade nerd (se é que isso existe) aguardava ansiosamente por alguma novidade, apesar da divulgação de fotos que até aqui retratavam a HQ fielmente.

Mesmo tendo feito um trabalho soberbo em 300de Esparta, os fãs de HQ’s ficaram apreensivos com a escolha do estúdio pelo diretor Zack Snyder, por dois motivos, o primeiro pela grandiosidade da obra, que além da HQ em si, possui alguns elementos adicionais que fazem parte integral da história, como os Contos do Cargueiro Negro e os trechos do livro Sob o Capuz, entre outros, o segundo motivo tem relação com a obra do autor. Até hoje, nenhuma HQ de Alan Moore tinha sido retratada fielmente no cinema, a que chegou mais perto foi V de Vingança, mesmo assim as diferenças entre filme e HQ forma marcantes.

Outro detalhe é que esse projeto já passou pela mão de uma gama de diretores do mais alto calibre e que mesmo assim, não tinham conseguido convencer os executivos da Warner em tocar o projeto. Ponto positivo pra Snyder.

Além disso, o diretor só tem dois filmes no currículo, Madrugada dos Mortos e 300. Embora 300 de Esparta tenha seu roteiro baseado numa HQ, o trabalho é totalmente diferente, porque 300 tem uma história mais rápida e direta, tanto que o diretor teve que alongar o roteiro, porque senão teria um filme de 30 ou 40 minutos. Já no caso de Watchmen ele terá que cortar muito material, pois o roteiro da HQ é suficiente para produzir uma série televisava com 20 capítulos ou mais.

Os receios dos fãs quanto à capacidade do diretor, acabam após a divulgação deste trailer, porque ao que tudo indica seguirá o roteiro da HQ ao pé da letra. Todas as cenas marcantes estão lá, a morte do comediante, a transformação do Dr. John Osterman em Dr. Manhatan, a Guerra do Vietnã e outros detalhes que todo fã ao ver vai babar.

Se você não leu ainda a minissérie aproveite para emprestar de algum amigo nerd, ou ainda comprar a mais nova versão lançada pela Via Lettera, porque o filme só estreará em 6 de março de 2009. Garanto que você vai gostar, mesmo que nunca tenha lido uma história em quadrinhos na vida.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O problema da distribuição!


A distribuição dos gibis no Brasil nunca foi democrática. Primeiro, porque o Brasil sempre foi um país de poucos leitores. Se os livros são consumidos somente por parte da população, imagine os gibis que sempre foram considerados de segunda categoria. Segundo, porque as vendas mais expressivas sempre foram concentradas nas capitais do Sudeste e Sul. Terceiro, porque a Editora Abril desenvolveu a distribuição terceirizada, lançando as revistas primeiro nos maiores centros, recolhendo-as e redistribuindo-as nas outras regiões invariavelmente três meses depois do lançamento.

Quando a Panini começou a lançar os gibis da Marvel no Brasil, prometeu acabar com a distribuição setorizada e manteve sua promessa por algum tempo, porém teve que voltar atrás quando os lucros não foram como o esperado.

Quando a setorização começou muitas reclamações começaram a entupir as caixas de mensagens da editora, que em resposta ás reclamações nunca se importou em corrigir o problema, sempre usou como muleta o seu sistema de atendimento ao cliente, para que os leitores comprassem as revistas que não conseguiram. Esse problema tem se agravado com a implantação de um sistema de assinaturas, bem como com a nova política de publicar edições diretamente em lojas especializadas e livrarias.

Para entender melhor porque o serviço é tão ruim, temos que levar em consideração alguns aspectos. O primeiro e principal é que a distribuidora terceiriza seus serviços em outras cidades e a responsabilidade pela distribuição fica por conta da distribuidora local. Tenho como relatar o que acontece na minha região e pelo teor das reclamações que tenho visto, os problemas não são muito diferentes dos da daqui.

A distribuidora da minha cidade utiliza o sistema de distribuição caótico. Manda gibis para bancas que não vendem em quantidades generosas e não manda nada para bancas que vendem. Além disso, existem meses de apagões, quando as revistas não chegam á cidade, talvez pela falta de pagamento a matriz. Na banca onde compro, por exemplo, chegaram os 11 primeiros exemplares de 52, o 12º não veio, mas eu consegui comprar numa banca no centro da cidade. No mesmo centro é possível achar outras bancas que não receberam nenhum exemplar da revista.

Pra piorar existia um conflito de interesses, porque a distribuidora possuía uma loja (até a semana passada, portanto vamos esperar pra ver o que acontece nas próximas semanas). Quando o assunto é distribuição setorizada então, o jeito é rezar porque o critério é pior ainda. Quando saíam edições especiais eles só mandavam para a loja deles, e na base do uni-dune-tê mandavam de vez em quando alguns exemplares para outras bancas. Numa dessas surpresas, mandaram um exemplar de Batman Crônicas para a banca onde compro regularmente!!!

Enfim, esqueça a distribuição porque a Panini não está nem aí, já que está lucrando nas capitais, nas livrarias e nas assinaturas, ou seja, é possível que as bancas, principalmente as do interior, não recebam mais revistas num futuro não tão distante. A solução, compre na internet, existem sites excelentes, às vezes com descontos e frete grátis.

PS.: Hoje chegou na banca perto da minha casa, Os Maiores Clássicos dos X-Men Vol. 5, de abril de 2008. Não falei que era só rezar!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Agora tá explicado.

Deu no site Amigos da Velocidade, comandado pelo excelente jornalista e narrador Téo José: "Parei para o Massa não ficar desempregado", diz Schumacher.

sábado, 5 de julho de 2008

O Mestre falando!


Quando eu defendo com unhas e dentes os quadrinhos, saibam amigos que eu não sou o único. Leiam a entrevista do genial Neil Gaiman e o que ele responde no parágrafo 10 pela milionésima vez sobre o preconceito em relação aos quadrinhos:
http://diversao.uol.com.br/flip/ultnot/2008/07/04/ult5150u21.jhtm

Confira também um pequeno perfil do autor:

http://diversao.uol.com.br/flip/2008/neil_gaiman.jhtm

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Leituras da semana.

Toda sexta-feira, a partir de hoje, farei uma pequena resenha sobre as leituras que fiz durante a semana.



Vallat: Uma investigação dadaísta - Massimo Milano, Reto Gloor e Bruno Moser - Editora Conrad.





A ação se passa em Zurique, no ano de 196, durante a I Guerra Mundial. A capital Suiça era um refúgio para aqueles que não queriam se envolver no conflito, contribuindo para tanto a neutralidade do país no conflito. O investigador Vallat envolve-se numa investigação que caça terroristas ligados ao movimento dadaísta, mas nem tudo é realmente como parece.






Os Maiores Super-Heróis do Mundo - Paul Dini e Alex Ross - Editora Panini Comics.

Reunião dos seis álbuns criados pela dupla de artistas Dini e Ross. Os quatro primeiros, Superman: Paz na Terra, Batman: Guerra ao Crime, Shazam: O Poder da Esperança e Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade, forma produzidos para comemorar os 60 anos de cada um dos heróis, o quinto Origens Secretas serviu como uma espécie de prelúdio para o sexto e último JLA: Liberdade e Justiça, que apresentou uma aventura com a Liga da Justiça da América. Albúm de Luxo, capa dura, com mais de 500 páginas e que apresenta de forma icônica, como seriam aventuras destes heróis no mundo real.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Big Bang e os quadrinhos

A Revista Veja desta semana, traz como matéria de capa o Big Bang, a grande explosão que até hoje é a teoria científica mais aceita para a origem da Terra e que tem muitas semelhanças com a maioria dos preceitos das religiões mais conhecidas.

Enquanto lia esta matéria muito bem feita, que explana sobre conceitos complexos, mas de uma forma simples e direta para a maioria das pessoas, lembrei que muitos desses conceitos já foram explorados nas histórias em quadrinhos de super-heróis, as mais populares no Brasil depois das infantis e dos mangás.

O Big Bang, por exemplo, remete ao evento Crise nas Infinitas Terras da DC Comics, lançado em 1985, numa minissérie em 12 edições. O Universo DC até então era composto por várias Terras paralelas que coexistiam em espaços vibracionais contíguos e cada uma tinha uma história diferente da outra. A série começa explicando que na origem do universo, onde deveria ter sido criada uma única Terra, nasceram várias. No final da série, a explosão do Big Bang acontece novamente e apenas uma Terra é criada. Hoje eles mudaram de idéia e estão tentando trazer de volta este conceito abandonado há 23 anos.

Outro conceito utilizado em Crise nas Infinitas Terras é o conflito entre matéria e antimatéria, representadas nos quadrinhos pelo Monitor e o Antimonitor respectivamente. Na realidade os dois universos podem coexistir em harmonia desde que não entrem em contato, porque os dois se anulariam mutuamente.


Este ano entrará em atividade um gigantesco acelerador de partículas chamado LHC – Large Hadron Collider, que tem como objetivo recriar o evento do Big Bang e tentar comprovar teorias como a formulada pelo físico inglês Peter Higgs, que descreve uma partícula chamada Bóson de Higgs, que seria um dos pilares da criação do universo. Segundo Higgs sem ela não existiria massa no universo. Lembrei-me imediatamente de Watchmen, quando o físico nuclear Jon Osterman entra num acelerador de partículas e se transforma no Dr. Manhattan, o único superhumano da HQ. Espero que nenhum cientista cometa esta besteira no LHC, acho que ele não teria muita sorte.

Uma matéria sobre automóveis informa que a Honda lançou o FCX Clarity, um carro movido a hidrogênio que não será vendido, será oferecido a alguns cidadãos escolhidos a dedo e que pagarão mensalidades de leasing durante três anos, devolvendo o carro no final do período, para que a empresa possa avaliar seu desempenho. O carro não será vendido, porque seu custo de produção é de centenas de milhares de dólares, além de o combustível ser caro e a rede de reabastecimento ser restrita. Isso não aconteceria caso o Dr. Manhattan existisse, porque nos quadrinhos ele sintetizava as baterias de lítio dos carros elétricos na quantidade que a indústria necessitasse. Até que a idéia do cientista caindo no LHC não é tão ruim assim, analisando por esse aspecto.

Outro tema desenvolvido na matéria é o dos planetas com vida inteligente. Ora, nos quadrinhos temos todos os tipos de ET’s que se possa imaginar. Na DC temos Durlanianos, Novos Deuses, Ookaranos, Domínions, etc. Na Marvel temos Shiars, Skrulls, Krees, etc. Já na vida real a probabilidade de existirem outros planetas com vida inteligente é muito grande, já a possibilidade de fazermos contato é muito remota.

É isso aí, vamos aguardar a inauguração do LHC em outubro, torcer para que nenhum cientista caia ou se jogue dentro da máquina tentando virar um semideus e para que o Big Bang seja recriado em pequenas proporções porque imaginem só se o Big Bang é recriado explodindo a Terra na seqüência.

terça-feira, 17 de junho de 2008

O genial Frank Miller


Anos atrás, quando se anunciava uma obra produzida por Frank Miller, aguardávamos com ansiedade, pois de antemão sabíamos que sairia dali no mínimo uma leitura interessante. O roteirista e desenhista que revolucionou os quadrinhos na década de 80, produziu histórias para as revistas Demolidor, Wolverine e principalmente para o Batman, com o revolucionário Cavaleiro das Trevas. Mesmo depois de parar de produzir para as grandes DC e Marvel, criou para o selo Legend da Editora Dark Horse, as HQ’s Sin City, Hard Boiled, Big Guy and Rusty e 300, sendo duas delas devidamente adaptadas para o cinema com resultados efetivos.

Hoje isso mudou. Não que Frank tenha virado um escritor comum, ou um desenhista medíocre, mas aparentemente por estar fazendo isso de propósito. Tudo começou quando a DC o chamou para produzir uma seqüência para o Cavaleiro das Trevas, sua obra máxima. Frank já havia dito anos antes que isso seria um erro, mas milhares de dólares depois, ele cedeu ao pedido da editora. Os fãs ficaram entusiasmados e ansiosos por um novo trabalho de Frank Miller para uma editora grande, quase vinte anos depois de sua obra-prima. Porém o que vimos foi algo totalmente inusitado.

Seus desenhos ficaram estranhos pra não dizer horríveis, sua narrativa antes inovadora, ficou caricata e as cores...são um caso a parte. Frank Miller foi casado muitos anos com a colorista Linn Varley, que fez belíssimos trabalhos junto ao marido, principalmente no primeiro Cavaleiro das Trevas. Neste caso, parece que instalaram um photoshop no computador de Ms. Varley, esconderam o manual e ordenaram: “Se vira!”. O resultado foi bizarro, com cores berrantes e em muitos casos “pixelizada”. Mas o pior ficou para o roteiro, com uma história estapafúrdia e sem sentido, sobre um futuro non sense para os super-heróis. Se houvesse um livro sobre esse trabalho de Frank Miller ele se chamaria “Como ganhar milhares de dólares fazendo exatamente o contrário do que as pessoas esperam, usando seu prestígio para vender uma porcaria.” Sim, porque mesmo sendo muitas vezes inferior ao primeiro trabalho, Cavaleiro das Trevas II, vendeu imensamente bem.

Em 2005 a DC Comics anunciou duas séries que deveriam trazer de volta toda a glória e grandiosidade dos maiores ícones da editora, All Star Superman escrita por Grant Morrison e desenhada por Frank Quitely e All Star Batman e Robin, escrita por Frank Miller e desenhada por Jim Lee. Uma nova esperança brotou no coração dos fãs que esperavam o renascer do criador de Cavaleiro das Trevas, com um trabalho digno do seu passado. Na verdade o que aconteceu não foi bem isso.

Livre das amarras cronológicas que regem a indústria dos quadrinhos de super-heróis americana, Frank Miller criou um Batman psicótico, maluco e violento. Os personagens coadjuvantes são histriônicos ao extremo e o Robin do título é um menino de 12 anos, que acabou de ver seus pais serem assassinados e passa dias trancado na bat-caverna tentando entender o que está acontecendo.

Esta semana comprei o nº 8 da série e resolvi ler toda a série novamente e pude ter uma visão mais clara do que o Sr. Miller quer fazer. Frank Miller está rindo de si mesmo. Porque ele precisa criar um novo Cavaleiro das Trevas? Ele já fez isso há vinte anos atrás e tudo que foi feita com o Batman desde então, foi calcado na sua criação. O que ele faz agora é inovar novamente, subvertendo tudo que criou e escrevendo uma das HQ’s mais divertidas dos últimos tempos. Duas ou três vezes em cada edição, alguém se refere ao personagem principal como “...o maldito Batman...”. Acho que Frank Miller está querendo dizer que ele afinal é o maldito Frank Miller e pode fazer o que quiser com o maldito personagem que desconstruiu nos anos 80. Outra coisa, os fãs querem mais seriedade e argumentos mais adultos, então o que seria mais sério do que um cara vestido de morcego, saltando de prédios em prédios, dando gargalhadas, espancando bandidos sem dó nem piedade e tendo todo o dinheiro para comprar as maiores traquitanas que o mundo já inventou?

Os coadjuvantes da série também são hilários, vistos obviamente pela ótica do maldito Batman. O Superman é um idiota que não sabe que pode voar – uma alusão aos primórdios do herói que apenas saltava e não voava – o Lanterna Verde é um otário que poderia mudar o mundo para sempre, mas prefere criar imagens ridículas com seu anel mágico e o Robin é um soldado para servir na sua guerra insana e particular.

O mais interessante nisso tudo é que a figura mais séria da série até agora é o Coringa, que continua assustadoramente insano. O jornalista Eduardo Nasi, que faz matérias e resenhas para o melhor site sobre quadrinhos do Brasil, o Universo HQ, fez as resenhas desta série e também tem opiniões muito interessantes a compartilhar, confira aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Outro detalhe importante é que o artista da série é um dos favoritos de 9 entre 10 fãs de quadrinhos de super-heróis, o sempre talentoso Jim Lee, que criou uma página sêxtupla da batcaverna na 4ª edição que é de encher os olhos.

Não vejo a hora das outras edições chegarem aqui no Brasil, mas com os atrasos constantes que a série vem sofrendo nos EUA, não sei quando serão lançadas novamente. Pra vocês terem idéia a primeira edição foi lançada nos EUA em setembro de 2005 e a oitava edição a qual me referi acima em janeiro de 2008, então periodicidade não é o forte desta série, porém as vendas continuam muito bem.

Insanidade temporária? Falta de criatividade? Inovação incompreendida? Fico com a última opção, porque gênio é sempre gênio.