sábado, 25 de abril de 2009

Watchmen Capítulo 1 – “À Meia-Noite Todos os Agentes…”

Ontem recebi em casa a edição definitiva da obra prima sobre super-heróis de Alan Moore e Dave Gibbons, Watchmen. Esta deve ser a centésima tentativa de resenhar esta obra também definitiva sobre o gênero, tanto para o bem e quanto para o mal. Para o bem porque juntamente com o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, mostrou aos editores, escritores e desenhistas que os quadrinhos podiam alcançar outros níveis e para o mal porque depois destas duas obras, que venderam horrores e geraram mídia espontânea como nunca tinha se visto desde a criação de Superman e Batman, os executivos encomendaram aos editores que criassem clones deformados dessas histórias com heróis violentos e superficiais que quase afundaram a indústria na década seguinte, tanto é que desde 2000, o próprio Alan Moore produziu histórias que resgatam o charme e a essência dos personagens heróicos.

Apesar de não ter assistido o filme dirigido por Zach Snyder, acho Watchmen cinema puro, por causa de seus ângulos inusitados, sua narrativa sem pressa e simetria ímpar. Logo no começo temos uma narrativa em primeira pessoa extraída do Diário de Rorschach, o personagem que para mim representa o mundo maniqueísta dos super-heróis sempre tão preto e branco até então, mesmo que de forma distorcida e fascista. Seria como se Superman e Batman mantivessem até hoje suas características de justiceiros dos primeiros anos, sendo juiz, júri e executor, sem ter suas personalidades lapidadas durante sete décadas de existência.

Estamos em 1985 e Rorschach nos apresenta todos os personagens principais, investigando o assassinato do Comediante, um dos seus antigos colegas de profissão e um dos poucos que ainda atuavam de forma legal, após a aprovação da Lei Kenee em 1977, ele visita seus ex-colegas e os alerta sobre um suposto matador de mascarados.

Assim ficamos conhecendo, Edward Blake, o Comediante, Hollis Mason, o primeiro Coruja, Daniel Dreiberg, o segundo Coruja, Adrian Veidt, Ozymandias, Jon Osterman, Doutor Manhattan e Laurie Juspeczyk, a segunda espectral, a primeira é sua mãe, Sally Júpiter que será apresentada no momento oportuno.

E com Rorschach e sua visão extremista de justiça que conhecemos o falecido Edward Blake e sua vida secreta como Comediante, um Daniel Dreiberg aposentado, cabisbaixo e frustrado, um Adrian Veidt milionário e aparentemente alheio ao mundo exterior, o impressionante Dr. Manhattan com seu corpo azul e nu e sua namorada Laurie Juspeczyk, nervosa, inquieta e fumando um cigarro atrás do outro.

O primeiro quadro da primeira página deste capítulo, começa com a imagem de um bottom smile (aquele amarelo com um sorriso) próxima a um bueiro em torno de uma poça de sangue, depois um a um os outros quadros vão ampliando a visão da cena. Primeiro vemos mais um pouco da calçada, depois um homem lavando a calçada até chegar no último quadro onde um homem está olhando do alto da janela quebrada de um edifício.

O primeiro quadro da última página começa com um close sobre as mãos de Laurie Juspeczyk e Daniel Dreinberg segurando um botton smile. Da mesma forma que na primeira página, a imagem vai se ampliando aos poucos e no último quadro temos uma visão panorâmica de vários terraços de edifícios. E essa é apenas uma das simetrias ou sincronias desta fantástica HQ.

A cereja do bolo fica para o final, quando temos uma amostra grátis dos dois capítulos da biografia de Hollis Mason, o primeiro Coruja, intitulada Sob o Capuz. Totalmente em prosa e com ilustrações imitando registros fotográficos, conhecemos um pouco mais do passado do aposentado Hollis Mason e como ele começou a usar a cueca por cima da calça.

Diálogo marcante desta edição: Após invadir a casa de Daniel Dreiberg, o primeiro coruja, Rorschach pega uma lata de feijão na geladeira e fica comendo-a tranquilamente até que Dreinberg chega e no meio da conversa acha o Smile com uma mancha vermelha e pergunta: - Esta manchinha é caldo de feijão ou...? Rorschach responde: - Isso mesmo. Caldo de feijão humano. Hah, hah. O distintivo era do comediante. O sangue também.


Fonte: Watchmen Edição Definitiva - Editora Panini Comics.
Imagens: Google.

5 comentários:

Maria Angélica disse...

Amo os desenhos! A capa é linda...
Por falar nisso, vc já viu as lindíssimas obras de quadrinhos do Mozar Couto, aqui da minha terra ?

Amalio Damas disse...

Se eu já vi? Mas é claro. Inclusive eu tenho um álbum dele em parceria com o Wander Antunes, chamado Crônicas da Província. Como faz muitos anos que não leio, vou resenhá-lo aqui, após Watchmen. Sua terra é o Mato Grosso?

Maria Angélica disse...

Não,Amálio! Juiz de Fora - terra do Mozart também. Ele é casado com minha prima, e pelo que eu saiba, nasceu e ainda mora aqui.

Amalio Damas disse...

Nossa! Errei por pouco, hahahaha!! Poxa, que legal, quem sabe você não ajeita uma entrevista com ele, aqui para o blog, hein? Grande abraço!

Maria Angélica disse...

Vou ver o que posso fazer; ele tem lá as suas limitações, como vc deve saber.