sexta-feira, 15 de maio de 2009

Watchmen Capítulo 3 – “O Juiz de Toda Terra”

O capítulo que mostra o auto-exílio do Dr. Manhattan, felizmente ou infelizmente me força a ser repetitivo, pois é uma nova obra-prima da dupla Moore e Gibbons. E digo da dupla porque muitos endeusam tanto Moore, e eu sou um deles, que acabamos nos esquecendo da grande contribuição de Dave Gibbons para Watchmen. Isto fica claro quando vemos a primeira página deste capítulo e nos atentamos aos detalhes do quarto quadro, que toma dois terços da página e mostra um jornaleiro conversando com um cliente. Ao fundo da cena em segundo plano, vemos um servente, provavelmente da prefeitura de Nova York, colocando um aviso de abrigo nuclear na parede. A quantidade de detalhes é imensa, bem como mostra expressões excelentes das personagens.

Estes dois coadjuvantes são importantes porque através deles é que conhecemos a narrativa paralela que acompanha boa parte da HQ e insere a metalinguagem na revista. É a HQ dentro da HQ, que serve como contraponto à narrativa principal. O mais interessante é que o cliente da banca, um garoto que fica sentado no chão apoiado sobre um carregador de baterias de carro ao lado da banca, é que nos leva a conhecer a HQ “Os Contos do Cargueiro Negro” através da sua leitura das páginas do gibi. È a representação do fanboy mediano e do jornaleiro rabugento.

Todas as vezes nas quais aparece, “Os Contos do Cargueiro Negro” faz a conexão narrativa com as situações apresentadas na HQ. Mas não só o cargueiro. Como disse anteriormente, o texto e o desenho se conectam muitas vezes em situações antagônicas ou completamente desconexas.

O maior exemplo desta edição, ocorre quando Laurie Juspeczyk, abandona o Dr, Manhattan na base militar e vai para a casa de Dan Dreiberg. Enquanto o Dr. Manhattan se apronta para ir a um programa de auditório tipo Programa do Jô, Laurie conta para Dan o ocorrido e as frases e imagens se conectam. Quando Laurie diz “...peço para entender por que é que ficou tão emaranhado.” Quando se refere a não entender as coisas que aconteceram a ela, a cena mostra o Dr. Manhattan dando nó em sua gravata.

Após ser interrogado durante o programa no qual compareceu, se tinha causado câncer em seus inimigos, amigos e aliados, o Dr. Manhattan perde o controle, teleporta todas as pessoas para fora do estúdio e decide ir para Marte, passando antes numa base militar e pegando uma foto. A arma estratégica dos EUA foi embora, o que será do mundo depois disso?

Temos no final, a última parte do livro fictício Sob o Capuz, escrito pelo aventureiro mascarado aposentado, Hollis Mason, vulgo Coruja. Neste capítulo ele conta o ocaso dos super-heróis da sua geração e a ascensão dos novos combatentes do crime.

Trecho marcante desta edição: Um arauto do apocalipse, tipo homem-sanduíche, faz uma piada com o jornaleiro, típica daquelas que vimos Renato Aragão fazer nos Trapalhões durante toda a década de 70. Se você não conhece os Trapalhões, acesse o Youtube e procure, lá tem diversos clipes dos quatro humoristas. Se você é como eu e cresceu vendo Didi e Cia. reveja e seja feliz.

Fonte: Watchmen Edição Definitiva - Editora Panini Comics.Imagens: Google.

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